O líder do CDS-PP/Açores considerou hoje que o hospital da Terceira não tem capacidade para substituir o Centro de Oncologia regional nas consultas e serviços que deixará de fazer se avançar a reestruturação do setor da Saúde. “Nada disto está equacionado e atualmente, afirmo, o hospital não tem capacidade de resposta, porque tem listas de espera nas diversas especialidades que vão sair daqui muito superiores às que tem o Centro de Oncologia dos Açores, e tem muita queixa”, frisou.
Artur Lima falava aos jornalistas no final de uma reunião com a administração do Centro de Oncologia dos Açores (COA), em Angra do Heroísmo, sobre as alterações previstas na proposta de reestruturação do Serviço Regional de Saúde do Governo açoriano e que está em debate público.
O documento prevê que o COA se focalize nas ações de rastreio, deixando de efetuar algumas consultas, “para não ter serviços duplicados a nível da ilha Terceira”, segundo o secretário regional da Saúde, Luís Cabral. De acordo com Artur Lima, o COA vai perder cinco mil consultas de imagiologia, ginecologia, obstetrícia, dermatologia e nutrição, bem como atos complementares de diagnósticos, que em 2012 ultrapassaram os 53 mil.
“Este centro vai perder cerca de 34% da sua atividade, pondo também em causa postos de trabalho. Se isto não é reduzir e cortar, o senhor secretário que explique o que é que isto quer dizer”, salientou.
Segundo Artur Lima, o hospital da Terceira não terá capacidade para responder aos serviços que deixam de ser prestados pelo COA, já que, por exemplo, das quase cinco mil ecografias feitas pelo centro de oncologia em 2012, 1.130 foram pedidas pelo hospital.
O líder regional centrista considerou que o valor da convenção com o COA “não vai dar para meia missa”, elogiando a gestão do centro, que disse ter “contratos muito bem feitos, muito abaixo do que custa fazer no hospital”.
Quanto à focalização dos meios do centro de oncologia nas ações de rastreio, Artur Lima alegou que se trata de um “desperdício na saúde”. “Um equipamento é distinto do outro, portanto, o que não é utilizado para rastreios fica aqui a apodrecer, pura e simplesmente, tendo-se investido milhares de euros”, frisou.
O líder do CDS-PP/Açores criticou também o encerramento da subespecialidade de neonatologia no hospital da Terceira, citando uma carta que lhe foi enviada por um profissional de saúde do serviço.
Para o presidente do CDS-PP, Luís Cabral revela “um total desprezo” pelos profissionais de saúde do hospital, salientando que a equipa de neonatologia é constituída por 13 enfermeiros, três dos quais especialistas em Saúde Infantil, havendo um quarto em formação.
Artur Lima realçou também que oito dos enfermeiros têm mais de cinco anos de carreira dedicada exclusivamente à neonatologia e pediatria e quatro têm mais de dez anos nas mesmas condições, lembrando que é a “unidade responsável pela emergência médica das evacuações em neonatologia”.
Luís Cabral disse na segunda-feira que no caso do hospital da Terceira, a subespecialidade de neonatologia não deixa de existir, porque “já não existe”. “O que existe é um apoio diferenciado neste aspeto, em que as crianças abaixo das 32 semanas já são transferidas para outros hospitais da Região ou do continente”, frisou o secretário regional da Saúde, acrescentando que este modelo de funcionamento é para manter.
Já em resposta às acusações de Luís Cabral de que os partidos da oposição estariam a transmitir “ideias erradas” sobre o documento com objetivos eleitorais em ano de autárquicas, o líder do CDS-PP/Açores lembrou que as câmaras municipais socialistas da Praia da Vitória, Angra do Heroísmo e Horta se manifestaram contra a proposta, acusando o secretário de ser “politicamente desonesto”.
Lusa