“A direção clínica e o conselho de administração afirmam que a segurança dos doentes está garantida, com esta escala de urgência apresentada, com dois cirurgiões de serviço. Como sempre foi prática neste hospital”, lê-se num esclarecimento enviado pela maior unidade de saúde dos Açores, em resposta a questões da agência Lusa.
Segundo a administração do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), a escala de urgência apresentada é uma “situação que se tem verificado muitas vezes ao fim de semana, em que um cirurgião está em presença física e outro em prevenção”.
Na nota, a direção clínica e o conselho de administração reafirmam ainda que as escalas “estão asseguradas até ao dia 07 de dezembro”, acrescentando que foi esta a informação “transmitida ao presidente do Governo Regional dos Açores”.
O conselho de administração refere também ter sido surpreendido por “uma conferência de imprensa (mais uma) da Ordem dos Médicos” nos Açores, lamentando a situação, que “pode contribuir para lançar o alarme social na população”, depois de já ter sido iniciada uma “jornada de diálogo” encetada pelo presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, com os representantes sindicais dos médicos.
A administração salienta igualmente que foi respeitado o “protocolo negocial” que decorre entre o Governo Regional e os sindicatos médicos, “no estabelecimento de pontes que possam contribuir para a resolução deste diferendo”.
A direção clínica e o conselho de administração do HDES indicam ainda que se mantêm “totalmente disponíveis e abertos ao diálogo” com todos os diretores de serviço e “comprometidos em ultrapassar” a situação, que “infelizmente, também acontece noutros hospitais, de todo o país”.
“Estamos solidários com as reivindicações de melhores condições para todos os que fazem o SRS [Serviço Regional de Saúde], mas cientes de que existimos para o cidadão açoriano. E para melhor servir aqueles que necessitam, que são os doentes”, escrevem.
Quanto às declarações da diretora do serviço de cirurgia geral do HDES, Maria Inês Leite, que apresentou a demissão na quinta-feira, o conselho de administração do Hospital de Ponta Delgada esclarece que o diretor clínico reuniu com a responsável “inúmeras vezes” e “sempre mostrou a maior abertura de colaboração”.
Já depois de ter sido enviado este esclarecimento à Lusa pela unidade de saúde, o Governo Regional anunciou que a presidente da administração do Hospital do Divino Espírito Santo apresentou hoje o pedido de demissão, que foi aceite pelo presidente do Governo dos Açores.
Também hoje, 21 dos 25 diretores dos serviços do Hospital de Ponta Delgada demitiram-se, segundo disse à Lusa o médico Emanuel Dias, considerando que o presidente do Governo Regional foi “enganado” pela administração sobre as escalas.
De acordo com Emanuel Dias, porta-voz dos diretores de serviços clínicos demissionários, a escala de serviço do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES) “não está preenchida e quem está a preenche-la é o atual conselho de administração, que não o tem conseguido”.
Emanuel Dias afirmou que “aquilo que o presidente do Governo dos Açores disse foi falso”, considerando que “foi enganado pelo conselho de administração, porque as escalas não estão completas”.
Lusa