Hospital de Ponta Delgada com 21 dos 25 diretores dos serviços clínicos demissionários

Vinte e um dos 25 diretores dos serviços do Hospital de Ponta Delgada demitiram-se hoje, disse à Lusa o médico Emanuel Dias, considerando que o presidente do Governo Regional foi “enganado” pela administração sobre as escalas.

Segundo Emanuel Dias, porta-voz dos diretores de serviços clínicos demissionários, a escala de serviço do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES) “não está preenchida e quem está a preenche-la é o atual conselho de administração, que não o tem conseguido”.

A responsável nos Açores da Ordem dos Médicos, Margarida Moura, denunciou, na quinta-feira, a falta de condições de assistência aos doentes no Hospital de Ponta Delgada, nomeadamente na cirurgia geral, cuja diretora de serviço apresentou a demissão.

Na altura, Margarida Moura referiu que “há escalas em diferentes serviços que não estão de acordo com as orientações da Ordem dos Médicos e que põem em perigo a qualidade e segurança da assistência aos doentes”, nomeadamente no caso da cirurgia geral, em que “é obrigatório estarem escalados pelo menos dois cirurgiões, por dia, e por turno, e só está um”, que “não opera sozinho, por razões de segurança”.

Hoje, Emanuel Dias afirmou que “aquilo que o presidente do Governo dos Açores disse foi falso”, considerando que “foi enganado pelo conselho de administração, porque as escalas não estão completas”.

Emanuel Dias referiu ainda que a demissão dos diretores dos serviços clínicos visa “demarcarem-se dessa administração, que é nomeada pelo Governo dos Açores”.

Os médicos, acrescentou, apenas têm o “poder de demonstrar que estão em desacordo com a administração, que deve demitir-se”.

Médicos dos três hospitais públicos da região (Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta) manifestaram, num abaixo-assinado enviado ao presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, ao vice-presidente do executivo, Artur Lima, e ao secretário regional da Saúde e Desporto, Clélio Meneses, a sua indisponibilidade para realizar horas extraordinárias para além do limite legal das 150 horas, o que poderá colocar em causa o serviço de urgência já em dezembro.

Em causa estão declarações do vice-presidente do Governo dos Açores, que já afirmou que não teve “intenção de ofender os médicos” quando falou sobre o trabalho extraordinário, após ter sido criticado por PAN, BE e PS no parlamento regional.

Na quarta-feira, o presidente do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) confirmou a demissão dos 10 chefes do serviço de urgência do hospital de Ponta Delgada, mas garantiu que “as escalas de urgências dos três hospitais” estão asseguradas na próxima semana.

 

 

 

Lusa

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