Um bebé de 13 meses terá tido contacto com uma mulher de 29 que veio recentemente num voo do Canadá. Por acusar sintomas gripais, a jovem dirigiu-se ao Hospital mas acabou por vir sem efectuar quaisquer análises.
O primeiro de caso de gripe A nos Açores por transmissão directa foi confirmado ontem. Um bebé de 13 meses encontra-se internado no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, após ter estado em contacto com uma familiar infectada. Em causa está uma mulher de 29 anos que, após ter viajado num voo oriundo do Canadá e acusar sinais de gripe, decidiu dirigir-se ao HDES para despiste.
Antes disso, a jovem terá ainda tentado obter esclarecimentos através da linha de Saúde 24. Foi preciso cerca de uma hora para estabelecer contacto mas, sendo esta uma linha de âmbito nacional, as indicações foram remetidas para o serviço regional de saúde, em concreto para a unidade hospitalar da área de residência da paciente.
Segundo uma fonte próxima da referida mulher, a mesma terá então optado por se dirigir ao HDES, tendo sido atendida no Serviço de Atendimento Urgente (SAU) queixando-se de sintomas gripais e relatando que teria viajado, recentemente, num voo oriundo de um país onde a prevalência da gripe A tem vindo a aumentar. Facto é que a jovem não foi sujeita a qualquer tipo de análise, tendo sido mandada embora.Regressou a casa de amigos, entre eles a fonte a que o Açoriano Oriental (AO) teve acesso, seguindo para casa de familiares onde terá contactado com o referido bebé de 13 meses.
“Se o próprio hospital diz que ela está bem e que não tem riscos a correr, contactou de forma normal com as pessoas. É que de acordo com a informação do hospital era uma simples gripe”, conta. Entretanto, por considerar que os sintomas se mantinham, e após ter recebido uma chamada do HDES, acabou por regressar à unidade hospitalar tendo então sido sujeita a análises que vieram comprovar a infecção com o vírus H1N1.Todas as pessoas com quem a jovem de 29 anos terá travado contacto foram aconselhadas a fazer medicação e a manterem-se em isolamento. Uma indicação que também terá sido dada à família da fonte contactada pelo AO. E é no desenvolvimento dessa indicação que começam a surgir procedimentos que a referida fonte considera fazerem pouco sentido.
“No dia em que a senhora foi internada recebi, por volta das onze horas da noite, uma chamada da delegada de saúde a dizer que, como tínhamos contactado com a jovem, não podíamos sair de casa e que tínhamos de tomar uns comprimidos. Então se não podemos sair de casa e a própria delegada diz para o meu filho ir contactar o centro de saúde para ir buscar a receita… Aí já pode sair de casa e contactar com outras pessoas”, estranha a mesma fonte.
Para além farmácia não ter a quantidade de fármacos suficiente, a família que esteve sujeita a resguardo considera ainda que é preciso rever a questão da comparticipação dos medicamentos a administrar nestas situações.
“Diz-se que o cidadão é que tem de se precaver. Mas a verdade é que nem toda a gente tem meios de adquirir esses medicamentos”, alerta, explicando que, por exemplo, para três pessoas, um agregado familiar terá de despender 75 euros. “Quem não pode ou morre à míngua ou vai infectar outros?!”, diz.
Confrontada com estas questões, a secretaria regional da Saúde fez saber que a jovem de 29 anos, na primeira ida ao HDES, não reunia condições para se avançar para a investigação. Adianta ainda a tutela que, de acordo com fonte hospitalar, nessa altura a temperatura da paciente ainda estava abaixo do que está determinado para ser considerado um caso suspeito.
Quanto às questões relativas à medicação, a Secretaria preferiu não comentar.
Até ao fecho desta edição, o número de casos confirmados de gripe A no arquipélago era de oito, havendo um novo caso em investigação em Angra do Heroísmo.
Atendendo a que já se verificou transmissão directa do vírus da gripe A, a tutela da saúde nas ilhas fez saber que se “abrirá o leque” em matéria de profilaxia.
in AO