Hospital modular de Ponta Delgada com urgência operacional em agosto

O hospital modular que está a ser construído em Ponta Delgada, nos Açores, estará operacional em agosto, sendo uma estrutura que permite melhorar a acessibilidade aos cuidados de saúde e servir de retaguarda.
O serviço de urgência será a primeira valência a abrir, informou hoje o Governo Regional.
“Até ao final de agosto é espetável que a urgência esteja concluída e o resto do processo será faseado. Posteriormente, após a fase da urgência, seguir-se-ão as enfermarias e toda a outra zona adjacente. No seu todo estará concluído no final de outubro”, afirmou hoje a secretária regional da Saúde.
Mónica Seidi falava na apresentação à comunicação social do hospital modular, que está a ser instalado no perímetro do Hospital do Divino Espírito Santo, a maior unidade de saúde dos Açores, afetado por um incêndio em 04 de maio e cujos prejuízos estão estimados em 24 milhões de euros, e que obrigou à transferência de todos os doentes que estavam internados para vários locais dos Açores, Madeira e continente.
A governante realçou que esta solução permite “ganhar tempo”, porque possibilita a instalação de uma estrutura “num curto espaço de tempo” e que “dá resposta à população”.
“Na sua primeira vertente, o hospital modular é transitório. No imediato vai dar a resposta à urgência e aos outros serviços e, aquando das obras estruturais de requalificação do Hospital de Ponta Delgada, pode servir como estrutura de retaguarda”, assinalou Mónica Seidi.
De acordo com a secretária regional da Saúde e Segurança Social, a zona de urgência será implementada “facilmente” no hospital modular, assim como as enfermarias, mas “a complexidade vai aumentando”.
Com capacidade de internamento para 80 camas, a estrutura será composta pelas valências de urgência geral (capacidade entre 16 a 20 boxes de atendimento), urgência pediátrica, duas salas de reanimação, serviço de imagiologia (com aparelho de TAC e RX), duas salas de bloco operatório (com seis camas de recobro), uma unidade de cuidados intensivos e intermédios (capacidade total para 12 doentes) e bloco de partos e neonatologia (até nove camas para grávidas).
Tem uma área de implantação de perto de 10 mil metros quadrados e de construção de 5.233 metros quadrados, num investimento orçado em 11,9 milhões de euros, a que acresce IVA, sem contabilizar equipamentos, explicou a titular pela pasta da Saúde açoriana.
Ainda segundo Mónica Seidi, está definido que as duas salas do bloco operatório da estrutura “possam ajudar à atividade normal do hospital” de Ponta Delgada.
A governante lembrou que o incêndio no hospital afetou a atividade assistencial, mas “os números [de atendimento] já estão a aumentar de forma gradual”.
“A única atividade que está mais comprometida é a atividade cirúrgica. O que seria espetável. E o que pretendemos fazer é um plano específico para recuperar toda a atividade que foi comprometida no âmbito desta calamidade”, sustentou.
Segundo explicou, existem atualmente dois blocos operatórios que estão a funcionar na Clínica do Bom Jesus, além dos blocos operatórios do Hospital da CUF, a que se juntarão os dois blocos operatórios da estrutura modular.
“E, eventualmente, com a abertura de mais dois blocos operatórios no Hospital do Divino Espírito Santo ficamos com oito salas, um número superior ao que estava disponível antes do incêndio”, assinalou ainda.
Já a diretora clínica do Hospital de Ponta Delgada realçou que o hospital modular permite “uma nova modalidade de urgência ‘open space’, onde “todo o espaço é rentabilizado” tendo por base “uma filosofia mais moderna”.
“Aquilo que tínhamos não era funcional, com muitos corredores e paredes”, disse Paula Macedo.
A responsável adiantou ainda que a urgência do hospital modular se destina a doentes que necessitam de cuidados hospitalares diferenciados com pulseiras vermelhas, laranjas e amarelas, já que os utentes com pulseira azul e verde são encaminhados para a Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel (USISM), que tem o serviço de atendimento urgente a funcionar com médicos do Hospital de Ponta Delgada.
A secretária regional da Saúde adiantou que o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) pretende contratualizar a aquisição de novos equipamentos para esta estrutura modular, admitindo que, numa primeira fase, possa ser necessário recorrer a alguns equipamentos do Hospital de Ponta Delgada.
Por outro lado, a Clínica do Bom Jesus, em Ponta Delgada, continuará a funcionar em complementaridade com o hospital “uma vez que não está reposta a totalidade” da capacidade da maior unidade de saúde dos Açores, acrescentou.
No caso da CUF, localizado na cidade da Lagoa, em São Miguel, a governante disse que “a principal preocupação é desocupar o quanto antes” aquele hospital privado “e trazer os serviços que lá estavam para o hospital modular”.
Quanto ao centro de saúde da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, a secretária regional lembrou que a unidade já tinha urgência aberta até às 24:00, mas explicou que os atuais moldes de funcionamento daquela unidade de saúde, que está aberta agora 24 horas, “serão avaliados”.
“A decisão política foi de recuperar o Hospital de Ponta Delgada e isto não se faz de um dia para o outro. Há obras que estão a decorrer. E tudo o que será de raiz tem de ser pensado numa ótima global de perspetiva de futuro para o hospital”, reforçou Mónica Seidi.

 

 

Lusa

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