Em declarações à agência Lusa ,Carlos Martins, director do Hotel Meliã Madeira Maré, um dos mais modernos 5 estrelas do Funchal, confirma que a região “registou um decréscimo na ocupação” no último ano.
Refere que “os hotéis, para fazerem face a à situação de crise têm vindo a nivelar os preços de forma a obterem clientes”.
Salienta que o turista vem neste momento à Madeira “devido ao preço”, mas sublinha que a região “não está a receber o turismo de pé descalço”.
“Eu tenho que desmistificar essa ideia que corre no continente porque não é real. O cliente que visita a Região é o que tem dinheiro para cá vir, seja ele de que estrato social for”, opina.
Considera que este visitante aproveita as promoções “porque provavelmente não terá outra oportunidade na vida de vir à Madeira e usufruir do serviço de hotéis de 4 e 5 estrelas”.
Segundo Carlos Martins, independentemente dos rótulos atribuídos, “este é o turista que tem dinheiro e tem permitido que as empresas de alojamento possam aguentar este momento menos bom, de uma forma equilibrada e sustentada, o que permite conseguirem algumas receitas, no mínimo, para poderem pagar as despesas de funcionamento”.
Realça que os custos das férias na Madeira têm a agravante da componente do transporte aéreo “e, por isso, os hotéis têm que nivelar os preços por baixo para poder ter clientes”.
Reconhece que existem “hotéis de 5 estrelas a fazerem preços de 4 estrelas, os de 4 estrelas a fazerem preços de 3 estrelas, uma situação que já aconteceu em determinados períodos mesmo de boa conjuntura económica”.
Carlos Martins, menciona que os hotéis “não podem estar a dizer que estão a oferecer exactamente o mesmo serviço que ofereciam há uns anos atrás com os preços que hoje praticam. Isso é uma utopia, alguns serviços são nivelados por baixo, o que não quer dizer que não estejam a servir com qualidade para o peço que praticam”, frisa.
Dá como exemplo a restauração, referindo que “já não se serve nos restaurantes de 5 estrelas com o charme e glamour de antigamente e os buffets deram lugar aos serviços que se faziam à mesa”.
Também Sandro Fabris, o director-geral do Reid’s Palace Madeira, um dos mais antigos 5 estrelas da região que é considerado o ‘ex-libris’ da hotelaria madeirense, unidade que tem na sua lista de hóspedes Chefes de Estado, monarcas, aristocratas, políticos, artistas e escritores entre outras personalidades, recusa a ideia de que o destino turístico Madeira esteja a decrescer em qualidade em consequência da actual crise económica.
“Não concordo nada, pelo menos na nossa unidade hoteleira”, declara, reiterando que “a qualidade foi sempre o requisito mais importante para o sucesso do hotel, que continua a manter a qualidade seja dos hóspedes, seja do produto”.
Admitiu que a crise também afectou o Reid’s Madeira, que registou uma baixa de 24 por cento, sobretudo do mercado inglês, mas conta com os “imensos clientes repetidos” e com “as subidas consideráveis” dos hóspedes alemães, franceses e até portugueses, com estes últimos a apresentarem um acréscimo de 30 por cento em comparação com o ano passado.
“Estamos procurando compensar o problema do decréscimo dos ingleses devido à depreciação da libra com incursões em mercados alternativos como o da Escandinávia, da Suíça e da Polónia, que está a revelar-se, para nós, um mercado muito interessante”, sustenta.
Sandro Fabris assegura que a Madeira continua a ter “a mesma qualidade de clientela que tinha antes”, apontando que “quem anda na rua repara que os turistas são de nível muito mais alto comparado com os do Algarve”.
Garante que neste hotel “o preço é sempre o mesmo e que não pode providenciar o serviço que tem a preços mais baixos” e conclui: “baixar o preço pensando que numa fase de crise será a forma de adq.uirir mais clientela é um erro colossal