Humanidade não sobreviverá sem zonas húmidas, alerta Sociedade Portuguesa para Estudo das Ave

O diretor da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) alertou hoje que as zonas húmidas são essenciais para o futuro da humanidade, que não sobreviverá sem zonas húmidas.
“Se não fizermos mais para proteger as zonas húmidas, não sobreviveremos às alterações climáticas”, diz Domingos Leitão a propósito do Dia Mundial das Zonas Húmidas, que se assinala na sexta-feira.
Num comunicado sobre a efeméride, o responsável diz que sem as zonas húmidas vão existir mais inundações, exemplificando com as turfeiras em altitude dos Açores, que capturam água da chuva e impedem enxurradas. E sem as zonas húmidas, como estuários e lagoas costeiras, não vai ser possível resistir à subida do nível do mar, avisa a SPEA.
“Em Portugal, muitas das zonas húmidas são, supostamente, protegidas por lei. Mas continuam a surgir projetos turísticos e urbanísticos que ameaçam os habitats importantes dos estuários do Tejo e do Sado (Alcochete, Tróia e Comporta-Galé), e até no Algarve (Lagoa dos Salgados, Ria do Alvor, Alagoas Brancas). Temos de fazer mais para proteger a integridade destas zonas húmidas, que são a nossa proteção contra a subida do mar”, diz Domingos Leitão no comunicado.
Os rios, estuários e lagunas costeiras são também, afirma, “verdadeiras maternidades” para peixes, bivalves e crustáceos, que são o sustento de milhões de pessoas.
A propósito das zonas húmidas, Domingos Leitão alerta ainda para a necessidade de poupar água, considerando que projetos que aumentam significativamente o consumo de água “são projetos que não podem avançar nos dias de hoje”.
“Se desviarmos a água para mega-empreendimentos agrícolas, quando a água é cada vez mais escassa, onde iremos buscar água para beber num futuro próximo?”, questiona, considerando “profundamente irresponsável” que se contemplem projetos de abacate ou mirtilo no sul do país , onde já falta água.
A SPEA é contra projetos de agricultura assim, ou a proposta mega-barragem do Pisão, cujo intuito é criar 50 mil hectares de regadio.
“Aprovar projetos destes significa destruir zonas húmidas, como os rios e paus, e criar um conflito entre a utilização de água para a agricultura e a utilização de água para consumo humano, que nunca vai acabar bem”, alerta Domingos Leitão.
O Dia Mundial das Zonas Húmidas sensibiliza para a importância que têm para a vida no planeta.
Foi criado em 1971, quando foi assinada a convenção de Ramsar (uma cidade iraniana). O objetivo da convenção é proteger as zonas húmidas de importância internacional, especialmente como habitat de aves aquáticas.

 

 

Lusa

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