humbo de quatro artigos do Orçamento do Estado para 2013 foi a “sorte grande” do Governo

A antiga ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite considera que o Governo está a dramatizar as implicações do chumbo de quatro artigos do Orçamento do Estado e diz que, se houver necessidade de um segundo resgate, não será na sequência da decisão do Tribunal Constitucional.

“Se houver a necessidade de um segundo resgate, é porque já existia essa necessidade, não é por causa disto. Este valor que está em causa representa pouco mais de 1% de toda a despesa pública. Se lhe disserem, lá em casa, que precisa de reduzir a despesa em 1%, acha que vai desabar o mundo? Qualquer um de nós é capaz de reduzir a despesa em 1%. Acho que há aqui um dramatismo, uma teatralização”, criticou a social-democrata no novo espaço de comentário das quartas-feiras na TVI 24.

Manuel Ferreira Leite não entende o objetivo da “teatralização”, mas considera que assustar as pessoas é uma “coisa má”.

Em seu entender, os cortes necessários podem ser feitos e o despacho do ministro das Finanças só pode fazer parte do teatro.

“Não tenho dúvidas de que esse despacho não tem o mínimo dos efeitos e só o compreendo como sendo uma das peças do teatro. Dentro da dramatização que foi feita, não há despesa pública. Como se tivéssemos perante um drama, cuja única solução é parar o país. Não posso acreditar que o ministro das Finanças pense que, paralisando o país, resolve o problema macro que lhe surgiu de ter de reduzir a despesa em 1,5%”, defendeu.

Manuela Ferreira Leite diz ter ficado convencida de que tinha saído a “sorte grande” ao Governo quando o Tribunal Constitucional chumbou quatro artigos do Orçamento do Estado para 2013, pois seria uma ajuda para inverter a política do executivo de Pedro Passos Coelho.

“Fiquei convicta de que tinha saído a sorte grande ao Governo. Genuinamente, fiquei convencidíssima. Retirava um pouco a pressão de mais 1.300 não sei quantos milhões de euros nos cortes da despesa pública e nas receitas cobradas. Achei que isso era uma ajuda [para uma inversão do caminho da política do Governo], achei que era um pretexto”, admitiu a antiga titular das Finanças nacionais.

Perante o actual cenário, Manuela Ferreira Leite defendeu ainda que PSD e PS têm que “dar o braço a torcer” e trabalhar em conjunto numa solução para o país, que passa por negociar com a “troika”.

“Os actores neste momento têm que se concertar, têm que se unir, para fazer frente a um problema que é de interesse nacional. E o problema que é de interesse nacional é dizer: se continuamos neste caminho, estamos permanentemente a afundar-nos”, sustentou.

 

 

in Rádio Renascença

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