João, Fátima ou Ilda são alguns dos 27 alunos que frequentam as aulas de Informática, Inglês ou Português na Universidade Sénior situada nas Sete Cidades, implementada na sequência de uma parceria entre a Santa Casa da Misericórdia da Madalena, o Serviço de Acção Social, a Paróquia da Ilha do Pico e a Câmara Municipal da Madalena.
Integrada na rede RUTIS (Associação Rede de Universidades da Terceira Idade), esta é a primeira Universidade Sénior da Ilha do Pico, uma das 121 academias do saber existentes no país destinada a pessoas com mais de 55 anos.
Em funcionamento desde Outubro num espaço cedido “gratuitamente e generosamente” pela Filarmónica Lira Madalense, a instituição assenta numa base de voluntariado, leccionando um total de nove disciplinas, nomeadamente português, história da salvação, formação cívica, etnografia, educação física, expressão dramática, saúde, informática e inglês, sendo estas duas últimas as que têm tido maior adesão, segundo a organização.
Natural do Pico, Fátima Silva tem 56 anos de idade e vive sozinha. As seis horas semanais que passa na Universidade Sénior fá-la “reviver e conviver”, pois, segundo o seu lema de vida, “o saber não ocupa lugar”.
Apesar de sentir alguma dificuldade, pois “a idade já pesa”, Fátima Silva tem um “grande interesse” em aprender a comunicar através da internet, visto ter um sobrinho em Lisboa, cidade que visita frequentemente “para fugir um pouco à monotonia”.
Há 8 anos a viver no Pico, João Inácio tem 58 anos de idade e aprende com “muita facilidade”. “Estar aqui é uma maneira de ocupar o meu tempo e aprender algo mais”, afirmou o aluno de informática que considera a Ilha do Pico “um paraíso”.
De acordo com Sandro Jorge, coordenador do projecto, o principal objectivo é “proporcionar uma resposta social à população local e fomentar o intercâmbio do saber entre alunos e professores, permitindo aprofundar novos conhecimentos”.
O projecto permite ainda, segundo explicou à Lusa, “oferecer aos alunos um espaço de vida socialmente organizado e adaptado às suas idades, para que possam viver de acordo com a sua personalidade, fomentar e apoiar o voluntariado social, desenvolvendo acções de formação social, pessoal e profissional para toda a comunidade”.
“Temos aqui uma população muito heterogénea, sendo o aluno mais novo de 55 anos e o mais velho de 83 anos de idade”, disse o responsável, acrescentando que “há mais mulheres que homens, mas todos eles vêm com a disposição de beber informação”.
Sónia Pacheco é professora de informática e é uma dos 14 voluntários que dão aulas na Universidade Sénior do Pico desde o início do projecto, há cerca de quatro meses.
“Tem sido um desafio trabalhar com idosos, é muito gratificante”, declarou a jovem professora que não esquece as primeiras expressões da maioria dos seus alunos ao conhecê-los: “Quero aprender tudo, não sei fazer nada”.
Segundo Sónia Pacheco, a internet “é o principal interesse” dos seus alunos, porque tendo família fora da região, “têm uma enorme necessidade em aprender e falar com os familiares online”.
“O interesse dos idosos em explorar e aprender torna-se, por vezes, complicado, porque há uma grande dificuldade em memorizar e receio de mexer para não estragar”, contou a professora, que afirma ter alunos “muitos cautelosos”.
Ilda Mendonça é colega de Fátima e João nas aulas de informática. Com 74 anos de idade, a picarota sente-se “muito satisfeita” na Universidade Sénior, onde ocupa o seu tempo, convive e aprende todos os dias uma coisa nova.
O gosto e o interesse na aprendizagem motivaram-na a inscrever-se em três disciplinas, onde “com concentração, entusiasmo e dedicação se aprende melhor”.
“O envelhecimento activo é sempre um bom investimento e estes alunos são exemplo disso”, concluiu Sandro Jorge.
in Lusa/AO Online