Estão a decorrer desde esta quarta-feira, no Centro Cultural de Santa Cruz da Flores, 3.ª edição do III Festival das Reservas da Biosfera de Portugal, dando continuidade à trajetória, que teve início na ilha Graciosa, em 2023, migrando para as fajãs de São Jorge, em 2024, e que em 2025 se realiza no território mais ocidental da Europa.
Presidindo a sessão de abertura, o Secretário Regional do Ambiente e Ação Climática, destacou que “este é um evento que se tem vindo a afirmar como uma referência, a nível nacional, na promoção de territórios sustentáveis e na valorização do património natural, cultural e humano”, demonstrando satisfação em promover este Festival na ilha das Flores, Reserva da Biosfera reconhecida pela UNESCO desde 2009, “um território de rara beleza natural, casa de muitas das paisagens que preenchem os principais cartazes turísticos dos Açores, onde, durante os próximos dias, até ao dia 4 de maio, haverá a oportunidade de embarcar numa jornada única pelas dimensões ecológica, cultural e social das Reservas da Biosfera”, salientou Alonso Miguel.
De acordo com o governante, “esta é uma oportunidade para fortalecer o sentimento de pertença das populações às Reservas da Biosfera e para consolidar a compreensão do seu papel enquanto laboratórios vivos de boas práticas, onde o desenvolvimento económico está indissociavelmente ligado à conservação da natureza e à valorização da identidade local”.
O Secretário Regional revelou que “o festival decorre, paralelamente, nas reservas da Biosfera de Santana, na Madeira, e no Boquilobo, em Portugal continental, contando ainda com eventos-espelho promovidos nas restantes Reservas da Biosfera do país, incluindo as dos Açores, mais concretamente as Reservas da Biosfera da Graciosa, Corvo e Fajãs de São Jorge”.
“A nossa Região é uma das poucas regiões do mundo designadas por MIDAS: Multi-Internationally Designated Areas – que incluem, simultaneamente, Sítios Ramsar, Sítios Património Mundial da Humanidade, Reservas da Biosfera e Geoparques Mundiais da UNESCO, classificações que representam um relevante ativo turístico”, lembrou.
E prosseguiu: “a classificação de Reserva da Biosfera é um certificado de qualidade internacional, que nos diferencia, que nos projeta no exterior, e que acrescenta valor aos nossos produtos, às nossas tradições e costumes, às nossas empresas e à nossa economia, e que exponencia o que de melhor temos para oferecer, configurando um extraordinário ativo turístico e um catalisador do nosso desenvolvimento económico e social, alicerçado numa lógica de sustentabilidade”.
Neste contexto, Alonso Miguel recordou o enorme esforço para preservação e valorização das áreas protegidas, num trabalho de gestão integrado, por parte do Serviço de Ambiente, de outros departamentos governamentais e das autarquias, “com um vasto conjunto de ações e projetos de recuperação e renaturalização de habitats, com remoção de espécies invasoras e plantação de endémicas, de monitorização da biodiversidade, de manutenção de trilhos, de gestão e prevenção de riscos naturais, de manutenção de linhas de água e da orla costeira, e, ainda, com a dinamização de projetos educativos e científicos de relevo internacional”.
Para além da implementação em curso do Plano de Ação da Reserva da Biosfera da ilha das Flores, o Secretário Regional destacou alguns dos investimentos realizados na ilha, como “a aquisição e recuperação ecológica de uma área com mais de 100 hectares de turfeiras degradadas, no âmbito do Projeto para a Melhoria do Conhecimento da Localização e do Estado de Conservação dos Solos Orgânicos e Turfeiras dos Açores, financiado a 100% pelo programa REACT-EU, que representou um investimento de cerca de 700 mil euros na ilha das Flores, bem como o investimento superior a um milhão de euros para reestruturação e apetrechamento do Centro de Processamento de Resíduos, ou ainda os investimentos avultados realizados periodicamente na manutenção e preservação das diversas áreas protegidas”.
Alonso Miguel destacou ainda “o papel estratégico assumido pelos projetos LIFE atualmente em curso na Região, neste caso, com incidência na ilha, designadamente o LIFE IP Azores Natura, o Life IP Climaz e o Life Beetles, no âmbito dos quais foram já investidos mais de 560 mil euros na ilha das Flores”.
O programa do III Festival das Reservas da Biosfera de Portugal conta com a dinamização de um vasto conjunto de atividades, entre as quais, percursos interpretativos e experiências de turismo ativo, como o canyoning, momentos de valorização gastronómica e oficinas dedicadas à alimentação saudável com produtos locais, iniciativas de educação ambiental dirigidas às crianças, ações de limpeza costeira e subaquática, visitas a outra reserva da Biosfera, a ilha do Corvo, exposições culturais, lançamentos de livros e conferências com oradores de referência.
“Ao longo dos próximos dias, nas Flores, teremos um programa que foi desenhado para ser inclusivo e participativo, estimulando o contacto direto com a natureza, a descoberta da identidade local, a reflexão sobre desafios globais e a partilha de conhecimentos e boas práticas entre comunidades, especialistas, instituições e cidadãos”, concluiu Alonso Miguel.