No memorando enviado ao Governo Regional, que na segunda-feira inicia a visita estatutária à ilha, os conselheiros alertam que “serão muito gravosas as consequências para a ilha de São Jorge se tal não for modificado, quer ao nível da mobilidade dos residentes na ilha, quer ao nível da oferta”, para quem a quiser visitar por motivos comerciais, turísticos ou familiares.
À agência Lusa, o presidente do Conselho de Ilha de São Jorge, Dário Nascimento, afirmou que “esta situação agravou-se no último verão, com o crescimento do turismo”, havendo residentes que tiveram de se deslocar de barco aos hospitais da Horta, ilha do Faial, e de Angra do Heroísmo, Terceira, “devido à ausência de lugares de avião”.
“Tem de haver mais lugares disponíveis, que são manifestamente insuficientes, sobretudo na época alta”, declarou Dário Nascimento.
Ainda no âmbito dos transportes, o Conselho de Ilha considera igualmente insuficientes as ligações no verão “da rota marítima entre Calheta e Angra do Heroísmo”, considerando que “os dias e horários escolhidos não são os melhores”.
Já na área da saúde, o Conselho de Ilha insiste junto do Governo Regional para que defina anualmente o número de deslocações de médicos especialistas, bem como a periodicidade, notando que aquelas continuam a ser escassas e, “mesmo, inexistentes em algumas especialidades”.
Este organismo consultivo, que integra autarcas e representantes dos sindicatos, associações empresariais e outras entidades ligadas ao ambiente, pescas ou agricultura, alerta, de novo, para os atrasos na receção de exames médicos.
“Registamos que os relatórios médicos ou exames de diagnóstico efetuados noutras ilhas continuam a levar meses e meses até serem recebidos pelos doentes/médicos com os respetivos resultados”, refere o memorando.
Já no setor agrícola, o Conselho de Ilha reitera o pedido para que o executivo açoriano “coopere de forma a possibilitar um aumento do preço do leite pago ao produtor” e, quanto ao abastecimento de água, defende uma “solução tripartida” entre Instituto Regional de Ordenamento Agrário, municípios e lavoura, dado ser “extremamente dispendioso” para as câmaras “sustentar abastecimentos que dependem da utilização de bombas elétricas, resultando em despesas astronómicas em eletricidade”.
Quanto ao matadouro, apesar de o Governo Regional ter rejeitado a construção de uma nova infraestrutura, os conselheiros sustentam que “continua a ser diminuta a capacidade de resposta” daquele, pelo que “é imprescindível a ampliação significativa” da sua capacidade.
“As remodelações necessárias e imprescindíveis continuam, portanto, a justificar a construção de um moderno matadouro, apto para as exigentes condições do mercado”, acrescentam.
A visita estatutária do Governo Regional a São Jorge termina na quarta-feira. Esta é uma imposição do Estatuto Político-Administrativo dos Açores que determina que o executivo regional deve visitar cada uma das ilhas do arquipélago pelo menos uma vez por ano e que o Conselho do Governo reúna na ilha visitada.
Lusa