No dia em que assinala a doença, o coordenador nacional da Luta Contra a Tuberculose afirma que “as pessoas devem confiar nos serviços de Saúde, na sua capacidade para diagnosticar precocemente a doença e tratá-la eficazmente para evitar o desenvolvimento de resistências”.
Fonseca Antunes salientou que o sistema de Saúde português tem sido capaz de diminuir a incidência da tuberculose e conter o desenvolvimento de multirresistências, que” é o maior flagelo da tuberculose em termos mundiais”.
Para o responsável do Programa Nacional de Luta Contra a Tuberculose (PNT), da Direcção Geral da Saúde (DGS), a deteção tardia da doença é a “principal determinante para a manutenção da epidemia”.
É necessário “alertar que um dos problemas que persiste para manter a doença na comunidade e colocar em risco estas pessoas é o facto de terem um diagnóstico, geralmente, tardio”, salientou.
Esta situação, segundo o responsável, deve-se não à ineficiência dos serviços de Saúde, mas ao longo tempo entre o início dos sintomas e a iniciativa das pessoas de se dirigirem aos serviços de Saúde para se tratarem.
Portugal registou, em 2009, 24 casos por 100 mil habitantes (2756 casos), o que representou um decréscimo de oito por cento em relação a 2008.
A análise por cortes de nascimento revela que todas as gerações, desde as dos anos 40 até à dos anos 80, viram o seu risco de contrair tuberculose substancialmente reduzido. Apenas a geração dos anos 90 sofreu um aumento do risco, provavelmente atribuível à sua entrada ativa na comunidade.
Em 2009 foram diagnosticados 72 casos em crianças (menores de 15 anos), quase todos residentes nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, segundo o relatório da DGS sobre a situação em Portugal.
O número de casos em estrangeiros mantém-se estável desde 2004, sendo que a proporção relativamente aos portugueses tem vindo a aumentar (em 2009 foram notificados 414 casos entre novos e retratamentos – 15 por cento do total).
Esta proporção é das mais baixas da União Europeia (UE), que tem, no seu conjunto, 22,4 por cento, sendo em nove países mais de 50 por cento e em quatro mais de 80 por cento.
Em Portugal, dominam os oriundos de Angola, constituindo 24 por cento dos casos estrangeiros, seguidos dos da Guiné-Bissau e Cabo Verde (17 por cento) e do Brasil (nove por cento). Do total, 70 por cento têm origem na África Subsaariana.
Os objetivos prioritários do PNT são a deteção de pelo menos 70 por cento dos casos e, destes, a cura de 85 por cento ou mais, ao fim de um ano.
Portugal é um dos sete países da UE que superaram a taxa de deteção, com 91 por cento, e um dos três únicos países que superaram a taxa de cura com 87 por cento.
A DGS vai assinalar a data com a apresentação à ministra da Saúde, Ana Jorge, do ponto da situação epidemiológica e de desempenho do programa em Portugal.