Interposta providência cautelar para travar construção de estrada na ilha do Faial

Um morador da ilha do Faial, nos Açores, apresentou uma providência cautelar junto do Tribunal de Ponta Delgada para tentar travar o arranque da construção da segunda fase da variante à cidade da Horta, alegando incumprimento de procedimentos legais.
“Tal como em outras fases do processo, em que não houve qualquer discussão pública, também na parte da expropriação, o dono da obra [Governo Regional] tentou saltar algumas etapas, que são fundamentais. Neste caso, a declaração de utilidade pública, que não está devidamente fundamentada”, explicou à Lusa António Amaral, um dos moradores afetados pela expropriação de terrenos para a construção da estrada.
O visado, que era também o primeiro subscritor de uma petição entregue no parlamento regional, que contestava o traçado da variante, admite que a sua intenção é travar o arranque de uma via rápida, que considera ser “desadequada” para a zona residencial como aquela que irá atravessar.
“A providência cautelar foi apresentada porque estava agendada a tomada de posse administrativa do nosso terreno, sem que tenha sido dado qualquer prazo para contestarmos a declaração de utilidade pública e a resolução do Governo, que dá origem a esta expropriação”, justificou António Amaral.
Mas a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, garante que a obra “vai mesmo avançar”, alegando que a providência cautelar “não impede” o executivo de iniciar a empreitada, orçada em quase 14 milhões de euros.
“Isso são contingências dos processos de expropriação. Seguirá a sua tramitação normal. Os nossos advogados estão a tratar do assunto”, disse a governante, adiantando que “isso não impede, naturalmente, a assinatura do contrato”, que ocorreu hoje entre a tutela e o consórcio a quem foi adjudicada a obra.
Berta Cabral lembra que projetos desta dimensão geram, por vezes, alguma contestação por parte dos visados, mas negou que tenham existido “irregularidades” processuais em relação a esta obra.
“Os procedimentos legais foram todos cumpridos. Nem podia ser de outra forma. Aliás, este contrato é assinado hoje e segue segunda-feira para o Tribunal de Contas”, insistiu a titular da pasta das Obras Públicas no arquipélago, que espera agora que a obra possa arrancar o mais breve possível.
O executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) já gastou, entretanto, mais de dois milhões de euros na expropriação de cerca de 50 parcelas de terreno, situadas na zona onde vai nascer a nova estrada, que será financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
A variante, com cerca de 2,5 quilómetros de extensão, terá três vias de circulação rodoviária e uma ciclovia, e contempla ainda a arborização e a iluminação pública de todo o percurso, que se destina a “escoar trânsito” e “encurtar distâncias”.
A obra foi adjudicada ao consórcio composto pelas empresas Tecnovia, Afavias e Marques e terá um prazo de execução de 730 dias.

 

 

Lusa

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