Investigador da Universidade dos Açores critica falta de investimento na ciência

O pró-Reitor da Universidade dos Açores para os Assuntos do Mar, Ricardo Serrão Santos, criticou hoje a falta de investimento do Governo Regional na ciência, nomeadamente na investigação dos recursos marinhos.
 

Ricardo Serrão Santos disse aos jornalistas, à margem da conferência “Açores: Preparar o futuro”, que foi com surpresa que assistiu a um “desinvestimento muito grande na ciência” por parte do atual Governo, numa referência aos meios existentes no Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores.

O pró-Reitor referiu a necessidade de reforços e, “sobretudo, uma grande necessidade de não perder as capacidades existentes”, que afirmou estarem em “risco neste momento”, apontando, nomeadamente, o facto de haver “pessoal a acabar contratos”.

O investigador da academia açoriana falava aos jornalistas à margem da conferência “Açores: preparar o futuro”, que terminou hoje e foi organizada pela Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo.

Serrão Santos alertou a plateia para a necessidade de explorar outras atividades ligadas ao mar, para além da pesca, que é preciso manter, mas não tem muita margem de crescimento.

“É preciso ter noção de que a pesca não vai evoluir mais em termos de extração de recursos, portanto estamos num ponto de controlar, manter o ‘status quo’ existente, valorizar o nosso pescado, quer o fresco, quer o de conservação, e ter em atenção que há uma grande variação interanual nas pescarias e conseguir suportar este aspeto”, frisou.

Para o investigador da Universidade dos Açores, nas atividades não extrativas, como a observação de cetáceos, “há um conjunto de pequenas empresas que se tem estabelecido” e que tem contribuído para a economia.

Existem, no entanto, outras áreas ligadas ao conhecimento, como a biotecnologia marinha, que podem ainda ser potenciadas, de acordo com Ricardo Serrão Santos.

“Há aí uma zona de investimento muito importante e é preciso não descurar a ciência, continuar a investir nela e, sobretudo neste momento em que estamos em dificuldades, não perder as capacidades que foram alcançadas”, reforçou, acrescentando que é necessário registar as patentes e as descobertas como portuguesas e açorianas.

Também em relação à prospeção de recursos minerais, o investigador considera que é possível a região “tirar muito conhecimento, apoiado no trabalho que a indústria está interessada em fazer”, salientando que “os Açores dispõem de um conjunto de instrumentos jurídicos avançados em relação a outros países onde isto vai acontecer”.

 

Lusa

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