Nos últimos anos temos assistido na ilha do Faial e especificamente na cidade da Horta, a um aumento de eventos e iniciativas culturais que incluem concertos, exposições de pintura e artes plásticas, espectáculos de dança, cinema (com a sedimentação de um importante festival), conferências e palestras temáticas entre outros acontecimentos que se consideram essenciais para estruturar uma sociedade mais desperta, mais crítica e naturalmente mais saudável.
Neste contexto, o Teatro tem necessariamente que ocupar um lugar de destaque e um festival que promova e divulgue essa arte maior torna-se naturalmente indispensável.
Em 2010 vai acontecer pela quarta vez o Festival de Teatro do Faial.
A Associação cultural Teatro de Giz foi novamente convidada pela Câmara Municipal da Horta (CMH) para organizar este evento, depois de o ter feito com sucesso em 2009. Foram cerca de 700 as pessoas que se dirigiram à sala do Teatro Faialense no ano passado, demonstrando assim que a vontade de ver e aprender o Teatro existe no seio da nossa comunidade.
Na IV edição deste festival o objectivo é ir mais além – “partimos novamente da premissa da abrangência na mostra, ou seja, trazer companhias que façam uso de diferentes linguagens para que os espectadores possam viajar por técnicas, abordagens, estilos, pensamentos díspares que convergem para um mesmo propósito – num dado momento, condensar a vida e provocar a partilha única e efémera entre os que propõe (no palco) e os que assimilam (na plateia)”.
Assim, vai ser possível assistir ao destaque das palavras e do texto mas também à expressão e às artes do corpo, ao cruzamento de outras linguagens (musica, vídeo) num mesmo espectáculo, à utilização do títere e da sua personificação e aos que se dedicam ao universo infanto-juvenil através de uma linguagem próxima aos mais novos.
Mas para além de proporcionar aos participantes a mostra do que por Portugal se faz , é objectivo também facultar a aprendizagem e a compreensão dos meios que possibilitam os fins.
Para isso, foi proposto às companhias que participam no Festival, que preparassem oficinas não convencionais ou simples conversas que levassem os cidadãos interessados ao contacto directo com quem faz teatro e com a forma como se constrói a teia de uma peça nos seus mais diversos universos (o texto, a luz, a cenografia…). “Queremos mais, porque procuramos neste festival encurtar ainda mais as distâncias entre quem vê e quem faz, possibilitando inclusive, que no futuro os papeis se possam inverter”.
Trazem até ao Faial 4 companhias do continente – “Circolando”, “Palmilha-dentada”, “Art’imagem” e “O Nariz” – todas elas reconhecidas pelo trabalho que têm desenvolvido ao longo dos anos, mas também uma companhia residente em São Miguel (Despe-te-que-suas) que tem assumido justo destaque na região.
O cartaz ficará completo com a participação de dois grupos de teatro que desenvolvem o seu trabalho no Faial – “Carrocel” que estreia o espectáculo “Ò Zé põe-te em pé” e o próprio Teatro de Giz que estreia “À espera de Godot”, de Samuel Beckett, com encenação de João Garcia Miguel.
O formato do festival vai aproximar-se mais de uma temporada do que propriamente de uma sequência de espectáculos diários num período reduzido, porque “queremos dar hipótese ás pessoas de assistirem a todas as peças, isto é, privilegiámos os fins-de-semana na agenda da iniciativa, de forma a que nos dias que são habitualmente os de descanso, os espectadores possam usufruir tranquilamente dos espectáculos e da digestão que os mesmos exigem…”
Será entre os dias 20 de Março e 30 de Abril que tudo vai acontecer. O programa e outros produtos de divulgação já estão disponíveis para que todos possam saber e escolher, de acordo com as suas vontades e disponibilidades.
Para nós, o conselho é certo – não percam nenhum, porque só acontece uma vez.
É verdade… esta é uma daquelas coisas que não passa na televisão.
por Pietá (Miguel Machete)