A Vida no Campo, projecto de Joel Neto centrado nos modos de vida e na identidade do povo açoriano (e terceirense em particular), começou por se chamar Regresso a Casa, com publicação semanal no Diário Insular, de Angra do Heroísmo. Estendeu-se daí ao Diário de Notícias, de Lisboa, e a uma série de outros jornais da diáspora açoriana nos EUA e no Canadá, ganhando novo título e acabando por se transformar naquilo que, na verdade, sempre foi: um livro em forma de diário, em diálogo íntimo com a anterior obra do autor, o romance Arquipélago. Tal como este, vingou crítica e comercialmente, chegando aos tops nacionais de vendas. A sua adaptação ao teatro consumar-se-á em 2019, com a chancela do Teatro Constantino Nery, de Matosinhos.
“Mas a rádio, esse meio de comunicação tão ideal e romântico como (tantas vezes) esquecido, foi o primeiro a reconhecê-lo”. Depois de uma série de edições da rubrica Sinais centrados nos seus textos, o jornalista Fernando Alves, um dos mais importantes cronistas e repórteres da rádio portuguesa do pós-25 de Abril, decidiu unir esforços com o sonoplasta Herlander Rui e viajar até à Terceira, à procura das suas personagens, das suas histórias e das suas atmosferas. O resultado, o documentário Leva-Me à Estrada do Paraíso, encantou os ouvintes da TSF-Rádio Notícias e chega agora à Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro, para apresentação num Serão Radiofónico Especial em que à exibição da obra se juntará uma conversa informal sobre as exigências do documentário radiofónico e o próprio futuro da rádio.
Na véspera, 20 de Abril, a Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro será anfitriã de uma emissão especial de Serões Inquietos, programa da TSF-Rádio Notícias que será, nesse dia, dedicado à mais recente casa dos livros dos Açores, à literatura açoriana, à arquitectura, à música e, em geral, à cultura feita nos Açores. Transmitido em directo para todo o país (e para o mundo, via edição online), o programa terá a duração de duas horas e contará com convidados como Nuno Lopes, director regional de Cultura dos Açores; Cláudia Cardoso, directora da Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro; Susana Goulart da Costa, Francisco Maduro-Dias e Jorge Bruno, historiadores e museólogos; Luísa Ribeiro, Álamo Oliveira e Joel Neto, escritores; entre outros.
Fernando Alves, 62 anos, é fundador e (ex-director) da TSF-Rádio Notícias, na qual se ocupa da crónica diária Sinais e tem coordenado os mais diversos e inesquecíveis programas, da breve Revista de Imprensa ao longo Terra a Terra, entre muitos outros. Um dos mais respeitados homens da rádio a nível nacional, começou em Luanda, onde trabalhou com Emídio Rangel e uma série de outros nomes que viriam a tornar-se incontornáveis na comunicação social portuguesa do pós-25 de Abril. Colaborou com a SIC, publicou a colectânea de crónicas Sinais (Oficina do Livro) e recebeu, em 2015, o notável Prémio de Carreira Escritaria, atribuído pela Câmara Municipal de Penafiel.
Herlander Rui, 46 anos, nascido em Lisboa, é um dos mais destacados sonoplastas da rádio portuguesa. Formado no âmbito do programa Ijovip, começou na Rádio Nova Antena, transitando em 1995 para a TSF-Rádio Notícias, onde hoje se divide entre a sonoplastia – incluindo edição de inúmeros programas e reportagens, pós-produção de jingles e autopromoções e apoio técnico a operações no exterior – e diferentes funções na área de multimédia. É formador do CENJOR-Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas.
Joel Neto, 43 anos, é autor de uma dúzia de livros dos mais diversos géneros. Em 2012, e depois de duas décadas a viver em Lisboa – e quase outros tantos como jornalista de virtualmente todos os principais jornais nacionais –, voltou à Terceira, ilha Natal, para se dedicar inteiramente à literatura. Cronista permanente dos jornais Diário de Notícias e O Jogo, entre outros, publicou entre 2015 e 2016 Arquipélago (romance) e A Vida no Campo (diário), os primeiros dois resultados desse investimento pessoal e profissional. Ambos receberam a aclamação da crítica, chegando aos tops nacionais de vendas.