“Na melhor das hipóteses, os jornais só começam a ser vendidos a partir do meio-dia”, afirmou Emanuel Raposo, proprietário da LiderPress, a única empresa de distribuição de jornais e revistas em S. Miguel.
Apesar dos matutinos nacionais terem prioridade na carga dos aviões que chegam do continente, Emanuel Raposo salientou à Lusa que o processo no aeroporto atrasa a distribuição dos jornais.
“Mesmo chegando a Ponta Delgada às 09:35, os jornais só começam a ser distribuídos duas horas depois, que é o tempo habitual que o serviço das cargas demora a entregar os pacotes com os jornais”, frisou.
O problema agrava-se nas quintas-feiras, dia em que não é possível encontrar um jornal nacional nas bancas antes das 17:00, porque neste dia da semana o primeiro voo proveniente de Lisboa chega a Ponta Delgada apenas às 16:00.
“Acha que alguém vai comprar um matutino às seis ou sete da tarde?”, questionou Emanuel Raposo, recordando que o problema é especialmente agravado durante o Inverno, quando são mais reduzidas as ligações aéreas entre Lisboa e Ponta Delgada.
Aos sábados, o problema alarga-se aos semanários, que, em situação normal, apenas podem ser adquiridos ao final da tarde e, em alguns casos, só no domingo.
“O Expresso só começa a ser distribuído ao final da tarde”, admitiu Emanuel Raposo, alertando para os “prejuízos” causados por esta situação.
Isto porque as encomendas não podem ser anuladas, mesmo que os jornais só cheguem a Ponta Delgada ao final do dia, altura em que praticamente já não são vendidos.
“Quem é que quer comprar um jornal diário às quatro da tarde, quando em Lisboa ele está à venda às sete da manhã?”, questionou a proprietária de um dos cerca de 90 pontos de venda de jornais existentes na ilha de S. Miguel.
A hora tardia a que chegam os jornais faz com que “as devoluções sejam muitas, todos os dias”.
No mesmo sentido, um cliente admitiu que “mais vale ir ler os jornais na Internet”.
Quando falou com a Lusa, ao princípio da tarde, este cliente já se tinha deslocado duas vezes ao quiosque para comprar o jornal, em ambos os casos sem sucesso.
Para o proprietário da LiderPress e para os responsáveis dos quiosques contactados pela Lusa, a solução passa pelo “recurso a um avião cargueiro, como já acontece com a Madeira”.
A TAP, através do gabinete de comunicação, assegurou, no entanto, à Lusa que “não há falta de espaço para transportar jornais e revistas para os Açores” , remetendo o problema para “questões de descarregamento e distribuição”.
A transportadora açoriana SATA também garantiu à Lusa que “os jornais e revistas têm prioridade sobre a carga geral”, mas alertou que “muitas vezes, os expedidores não conseguem entregar os jornais a tempo de serem transportados nos voos que saem de Lisboa às 06:30”.
O primeiro voo do dia chega a Ponta Delgada às 09:35 às terças, quartas, sextas e domingos, realizado pela TAP, enquanto nos restantes dias, a cargo da SATA, aterra cerca das 07:30.
Lusa