Com a era digital, o papel do jornalista mudou.
O jornalista moderno tem que ser um repórter auto-suficiente e capaz de dominar todos os meios de comunicação, de gravar imagens e sons, de editar e de montar a suas próprias peças.
O acesso à informação é imediato e a interacção com o público é constante. Enquanto o jornalista tradicional só tinha de lidar com as queixas de políticos descontentes, o “ciberjornalista” também tem de conviver com as reacções dum público sempre pronto a comentar, criticar e até mesmo expor falhas de cobertura.
Durante uma conferência dedicada às funções convergentes da Internet e de televisão que se realizou ontem na Expo Hi-Tech 2009, Luciano Barcelos, chefe do Gabinete Multimedia da RTP Açores explicou que “a credibilidade é fundamental”.
“O jornalista moderno é um técnico que pode interpretar os factos. Um bom ciberjornalista tem que combinar reportagens de alta qualidade com conhecimento profundo da tecnologia moderna”.
Se a pressão da opinião pública sobre o jornalismo se faz sentir mais do que nunca, a acessibilidade das notícias não deve ser confundida com a noção errada que ter um telemóvel e acesso à Internet pode transformar qualquer pessoa num repórter.
“Neste momento, se um órgão de comunicação social não tem os recursos para ir fazer uma reportagem, alguém com um computador pode mandar uma notícia para as redacções”, salientou Luciano Barcelos, mas este jornalismo de cidadão “não significa que qualquer pessoa possa ser jornalista”.
“A profissão de jornalista não vai desaparecer”, sublinhou Luciano Barcelos, “mas precisamos estar preparados para mais interacção com o público e para discutir e defender pontos de vista”. Um problema específico de Portugal é que as reportagens políticas colocam um enorme fardo sobre redacções.
“A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) controla as notícias relacionadas com os partidos políticos e garante que cada partido – grande ou pequeno – recebe a mesma cobertura. Muitas vezes, isso pode deixar redacções demasiado ocupadas e sem tempo ou recursos para ir atrás de outras reportagens. Entretanto, o trabalho de um jornalista não é apenas o relatório da agenda política “, acrescentou.
Ele também destacou algumas diferenças fundamentais entre o jornalismo tradicional e o jornalismo online. “Títulos floreados não servem para nada”, disse Luciano Barcelos, “porque os motores de busca não os encontra. Palavras-chave são o que importa”.