A direcção de informação da Antena 1/Açores entregou ao director dos canais públicos, Pedro Bicudo, um documento de trabalho no qual se recomenda que a “fusão” ao nível da produção de conteúdos informativos (diários e de grande informação) deve ser cessada de imediato e que os jornalistas, contratados a qualquer título, devem ficar adstritos, de forma definitiva, a uma ou outra redacção.
O documento a que o AO online teve acesso refere que a RDP-Açores e a RTP-Açores atravessam um “período turbulento” no campo da informação, marcado por um processo de estabelecimento de sinergias ao nível das redacções.
Um período em que a proliferação de chefias, “entre naturais e outras espúrias (com destaque para o papel disfuncional das chefias das delegações), degrada de forma significativa a capacidade de gestão editorial”. O documento adianta que, em simultâneo com a proliferação de chefias, assiste-se à diminuição do número de jornalistas seniores, ao aumento dos espaços informativos de informação diária e não diária, à redução progressiva de capacidade de investigação e à “institucionalização” do fluxo informativo, situações sentidas particularmente na RDP-Açores, face ao passado recente.
O documento acrescenta que a utilização de jornalistas que trabalham em simultâneo para a rádio e para a televisão públicas “encurta a capacidade de decisão editorial” em cada redacção e “limita de forma significativa” o imperativo de zelar pelo pluralismo na informação. Ou seja, o articulado menciona uma situação geral de “mal-estar e de desmotivação” entre os jornalistas e que, no caso da rádio, “sobrevém o cansaço resultante da proliferação irracional” de espaços de informação diária e não diária.
O documento defende ainda que as grelhas de informação da RDP-Açores e da RTP-Açores devam ser reajustadas tendo presentes a realidade quantitativa e qualitativa das respectivas redacções e o primado da investigação e da informação plural.
in AOriental / Pedro Nunes Lagarto