“É bom ter pedidos de celebridades, mas preciso de transformar essa exposição em vendas”, afirmou à agência Lusa, elegendo como principal desafio ter um “negócio sustentável”.
Sem desvalorizar a criatividade, a “visão de futuro” da estilista de 26 anos é desenvolver a parte comercial e construir “um negócio que esteja no mundo inteiro”.
Susana atribui esta preocupação pelos números aos pais, um bancário e uma professora de matemática, que a incentivaram a seguir esta carreira.
O interesse pela moda começou na infância, nos Açores, onde nasceu e onde voltava para as férias, e no gosto por fazer roupas de malha e croché com a avó e a tia.
Na escola secundária, questionou se queria continuar a estudar ciências e, com o apoio dos pais, fez um curso de costura e moldes durante um ano em Lisboa.
Porque o inglês era a língua estrangeira que melhor falava, aos 18 anos candidatou-se para um curso superior na universidade Central Saint Martins College of Art and Design, em Londres.
“Mal eu sabia o que representava”, confessou, a propósito da escola que formou estilistas como Sarah Burton, John Galliano, Stella McCartney e Alexander McQueen.
Uma professora elogiou-lhe o “dom especial das mãos” e assim obteve uma das sete vagas disponíveis para alunos europeus.
Atualmente, depois de um mestrado no London College of Fashion, Susana Bettencourt é uma estilista reconhecida pelo trabalho com malhas e rendas mas cujo design, trabalho manual e uso de novos materiais já lhe valeu admiradores conhecidos.
A mais reputada é Lady Gaga, quem nunca conheceu mas a quem vendeu este ano várias peças encomendadas por colaboradores da cantora norte-americana para a digressão do mais recente álbum “Born This Way”.
Porém, confessa que já se cansou de procurar fotografias na internet de Lady Gaga com os seus trabalhos.
“Se aparecer, posso usar as imagens como promoção”, afirmou Susana em Londres, onde vive há oito anos.
Este ano participou na semana da moda de Londres e de Paris mas para o seu próprio país, hoje na Alfândega do Porto, preparou um desfile especial.
“Será mais interativo, os modelos vão entrar pela audiência dentro porque quero que as pessoas vejam a técnica”, revelou.
Foi buscar a inspiração para a coleção Primavera/Verão dos padrões que as torres de eletricidade formam quando se observam em movimento.
Apesar de apostar na inovação tecnológica, muitas das suas criações têm “trabalho de mão de ponta a ponta” e podem demorar meses a completar.
Uma das peças que apresentará no Portugal Fashion será um vestido onde usa a técnica das rendas de bilros com materiais e design diferente e que iniciou em julho.
LUSA
