O presidente do Governo dos Açores apelou hoje ao Estado português para que tenha uma “atenção acrescida” ao processo de redução do efetivo norte-americano na Base das Lajes, tendo em conta a decisão de transferência de militares sem famílias.
“É importante que os vários intervenientes neste processo, a começar pelo Governo da República e pelo Governo dos Estados Unidos, tenham consciência que este impacto já se está a fazer sentir na economia da ilha Terceira”, frisou Vasco Cordeiro, em declarações aos jornalistas, no final de uma reunião com a comissão representativa dos trabalhadores portugueses na Base das Lajes, em Angra do Heroísmo.
Desde agosto que as comissões de serviços do efetivo norte-americano na Base das Lajes, na ilha Terceira, são de um ano, em vez de dois, e deixaram de ser transferidos militares com familiares, o que reduziu os dependentes em cerca de uma centena e meia.
O presidente do Governo Regional dos Açores salientou que tem havido “empenho” do Governo da República nas negociações, mas considerou que face a esta situação é preciso uma “atenção acrescida”, porque “já se começa a fazer sentir na economia da ilha Terceira o impacto económico do não acompanhamento dos militares pelas suas famílias”.
Vasco Cordeiro alegou que é altura do Governo da República e do Governo dos Estados Unidos se “chegarem à frente” para mitigarem os impactos da redução da população norte-americana na ilha Terceira.
“O Governo dos Açores tem estado demasiado sozinho nesta luta para que, neste momento, seja possível continuar a esperar apenas do Governo dos Açores uma ação no sentido de colmatar este impacto social e económico”, salientou.
O presidente do executivo açoriano disse que encarou com “estranheza” a decisão da Força Aérea norte-americana de transferir apenas os militares sem família, considerando que tentam fazer “à socapa” o que não deve ser feito neste momento “do ponto de vista político”.
Para Vasco Cordeiro a emenda aprovada por unanimidade pela Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, que aguarda por aprovação no Senado, tem um “significado político claro”, tendo em conta que defende que nada deve avançar sem a reavaliação e o estudo das bases americanas na Europa e que não devem ser utilizados fundos do orçamento do ano fiscal de 2014 para desenvolver o processo de redução da presença militar nas Lajes.
Vasco Cordeiro salientou que é responsabilidade dos Estados Unidos “ajudar a lidar com o impacto social e económico, que resulta da decisão que tomaram”.
“Esperamos que possam ser desenvolvidas medidas e ações, inclusive da parte do Governo português, que ajudem a lidar com esse impacto social e económico”, frisou.
Por sua vez, o presidente da comissão representativa dos trabalhadores portugueses na Base das Lajes, João Ormonde, lamentou que os ministérios da Defesa e dos Negócios Estrangeiros não tenham respondido aos pedidos de audiência dos trabalhadores, e salientou que a decisão de reduzir o efetivo militar norte-americano na Base das Lajes não pode ser “unilateral”.
“Não podemos ficar a aguardar que a parte americana decida exatamente como, quando e o que vai fazer, sem que o Governo da República tenha oportunidade de discutir em pé de igualdade”, frisou.
No final do ano passado, a administração norte-americana anunciou a intenção de reduzir o efetivo norte-americano na Base das Lajes ao mínimo, prevendo manter apenas 160 militares, sem famílias, o que levaria ao despedimento de cerca de três centenas de trabalhadores portugueses, a partir de outubro de 2014.
Lusa