O presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, Roberto Monteiro, alertou hoje que o processo de redução do efetivo militar norte-americano na Base das Lajes, na ilha Terceira, já está “em marcha”.
“Tudo está a ser preparado para que na data certa, ou seja, em outubro [de 2014], meramente falte fazer os despedimentos das pessoas, porque em termos de preparação logística o processo está em curso”, frisou, em declarações aos jornalistas, à margem de uma reunião com o grupo parlamentar do PS na Assembleia Legislativa dos Açores.
Segundo Roberto Monteiro, apesar de o Senado [americano] ainda não ter decidido quando avança a redução do efetivo militar norte-americano na Base das Lajes, na prática, a Força Aérea norte-americana está “a implementar de forma gradual o processo de redução. Este interregno que aparenta existir até uma decisão do Senado é um cenário meramente diplomático, porque na verdade o processo de redução está em marcha”, frisou.
Segundo Roberto Monteiro, a prova de que o processo já foi iniciado é que desde agosto “deixaram de vir militares com famílias” para a Base das Lajes.
“De agosto até agora cerca de 25% das casas que estavam arrendadas fora da Base já estão vazias”, frisou.
O autarca acrescentou ainda que “no interior da Base já começa a haver a restruturação dos serviços, mudando grande parte deles para edifícios de menor dimensão”.
Roberto Monteiro criticou a postura do Governo da República, considerando que “não aparece no processo”, nem responde às audiências pedidas pela câmara municipal e pelos representantes dos trabalhadores.
Nesse sentido, anunciou que a autarquia vai mostrar o seu desagrado por não ter sido ouvida pelos ministérios da Defesa e dos Negócios Estrangeiros, junto do Representante da República para os Açores.
O autarca revelou ainda que pretende dar uma conferência de imprensa em Lisboa “com dados muito precisos do que tem acontecido desde setembro do ano passado até outubro deste ano”, para provar que a redução do efetivo militar norte-americano já está em marcha.
“É completamente injusto e inaceitável para o povo da Praia da Vitória que toda a infraestrutura logística continue tal e qual como está para os americanos e as contrapartidas estejam a cair a pique até ao ponto daquilo que foi anunciado”, salientou.
Por sua vez, o deputado regional do PS Francisco Coelho, que integra a Comissão de Política Geral da Assembleia Legislativa da Região, recebida recentemente pelos ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros, sublinhou a preocupação do partido com a forma como o processo de redução do efetivo norte-americano na Base das Lajes está a decorrer.
“Não se vê o Governo da República tomar uma posição firme relativamente àquilo que vai acontecer, nem sequer ao nível positivo de apresentar alternativas, que de algum modo compensem os terríveis impactos que esta anunciada redução, se ocorrer nos exatos termos que foi anunciada, terá para a Praia da Vitória, para a Terceira e para os Açores”, frisou, acrescentando que o Estado português tem “o dever de se impor e de tentar negociar uma solução que seja mais equilibrada para ambas as partes”.
Lusa