Num inquérito online realizado pela Portuguese American Leadership Council of the US (PALCUS), a que cerca de 4.800 pessoas tinham respondido na quinta-feira de manhã, 90% dos inquiridos não se considera hispano ou latino.
Cerca de 70% das pessoas que responderam ao inquérito consideram-se brancos e 80% defende que a comunidade se deve unir para impedir a decisão do Departamento de Census.
O presidente da National Organization of Portuguese-Americans (NOPA), Francisco Semião, diz que “há muitos luso-americanos que são orgulhosos da sua comunidade e não têm problemas em ser considerados hispanos, mas há muitos que sim”.
Semião diz que, “apesar dos portugueses terem uma cultura complexa e única, partilham uma história com Espanha” e que, se a comunidade passar a ser considerada hispana, “pode continuar a ter orgulho de ser luso-americana, como fazem os argentinos, que não perdem a sua identidade por terem a mesma classificação”.
O congressista republicano David Valadao lembra que “há muitos critérios para definir das origens de uma pessoa” e que “muitas não chegam à mesma conclusão.”
Para o filho de açorianos, o que importa “é ter vozes poderosas” a representar as duas comunidades em Washington, independentemente “da sua raça ou herança”.
Outro congressista de origem portuguesa, Devin Nunes, diz que o termo hispano “é tão amplo, incorporando tantas pessoas e culturas, que não tem muito significado e não é particularmente útil” neste momento.
O presidente da PALCUS, Fernando Rosa, também desvaloriza o termo, defendendo que “não tem absolutamente nada a ver com raça, cultura ou nacionalidade” e que “foi criado pela burocracia americana nos census de 1960.”
Fernando Rosa lembra o poder da população hispana e latina nos Estados Unidos, que “representa um bloco de pessoas de quase 40 milhões de pessoas em constante crescimento” e é considerada um dos motivos do sucesso eleitoral de Barack Obama.
Apesar da polémica, o presidente da NOPA diz que os portugueses já são considerados hispanos em alguns estados, como a Florida e a California, e que a situação tem benefícios económicos.
“O Governo, que distribui milhões de dólares em contratos, dá preferência a empreiteiros que contratem empresas de minorias (registadas como hispanas ou afro-americanas)”, diz Francisco Semião, explicando que “várias empresas de portugueses têm beneficiado dessa regra, recebendo contratos de milhões de dólares por serem consideradas empresas hispanas.”
Lusa