“Maior reforma de sempre” do transporte aéreo nos Açores arranca hoje

aeroporto-de-pdlO primeiro voo de uma ‘low cost’ para os Açores tem chegada prevista a Ponta Delgada este domingo de manhã e marca, simbolicamente, o início da “maior reforma de sempre” nas ligações aéreas ao arquipélago.

Os Açores estão a passar pela “maior reforma de sempre ao nível das acessibilidades e da mobilidade de todos os açorianos”, disse esta semana o secretário regional dos Transportes do Governo Regional, Vítor Fraga, a poucos dias da entrada em vigor da liberalização das ligações aéreas entre duas ilhas (São Miguel e Terceira) e o continente.

Para já, as ‘low cost’ só se interessaram por São Miguel (Ponta Delgada), mas em todas as rotas entre os Açores e o resto do país, incluindo as que mantêm obrigações de serviço público, houve descida das tarifas, “chegando, em muitos casos, a ser um terço do valor que era praticado há seis meses”, segundo Vítor Fraga.

São vários os indicadores que fundamentam as expetativas positivas de empresários e políticos em relação à liberalização das ligações aos Açores, sobretudo ao nível do turismo.

Um deles é a oferta de voos para os Açores no primeiro ano da liberalização, que é 40% superior à que existia. Considerando apenas a época baixa, esse aumento é de 74%.

A Rayanair revelou em fevereiro que as reservas estão “a correr melhor” do que esperava e a easyJet disse hoje à Lusa que a procura tem correspondido à “projeção inicial”, havendo voos “que já estão esgotados” e outros “quase completos”.

A TAP e a SATA, contactadas pela Lusa, não revelaram informações sobre reservas. Ainda assim, fonte oficial da transportadora aérea nacional referiu que “o fenómeno das ‘low cost'”, em qualquer rota, gera tráfego para todas as companhias.

A nível da hotelaria, e no imediato, as reservas nos hotéis de São Miguel para os dias da Páscoa registam níveis “fora do comum”, rondando a ocupação hoteleira os 80%, segundo a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).

Numa região em que, até agora, 90% dos turistas visitavam as ilhas comprando pacotes turísticos a operadores, nota-se, já desde o final do ano passado, o incremento das reservas individuais na hotelaria, apontando a AHP para um aumento de 20% deste tipo de procura.

Também a procura de carros de aluguer regista esse aumento de 20%, num indicador usado como referência pela Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada.

Para os empresários, os Açores estão perante uma “alteração estruturante”, que necessariamente terá impactos positivos na economia regional, estando as empresas preparadas para responder ao aumento do número de turistas.

A expetativa da ANA é que haja este ano um aumento de 500 mil passageiros nos aeroportos dos Açores que gere.

No entanto, é expetável que o novo modelo de ligações aéreas aos Açores que entra em vigor no domingo incremente também o tráfego de passageiros que são residentes nas ilhas, ou seja, não turistas, uma vez que passam a ter acesso a tarifas consideravelmente mais baixas para irem ao continente e à garantia de que, no máximo, uma viagem a Lisboa lhes custará 134 euros, cerca de metade do teto atual.

Além disso, em setembro, haverá ainda uma descida média de 20% das tarifas para residentes nos voos inter-ilhas.

Nem empresários nem governantes avançam com estimativas para o impacto que poderá haver no turismo e economia açorianas, mas o próprio primeiro-ministro, Passos Coelho, referiu recentemente que esta liberalização das ligações aéreas aos Açores se traduz no fim da grande restrição ao desenvolvimento do turismo no arquipélago, setor que considerou poder ser “a mola impulsionadora” de um novo ciclo na economia regional.

Para já, parece haver alguma confiança da parte dos investidores privados, uma vez que a chegada dos primeiros voos das ‘low cost’ a São Miguel coincide com a abertura de novos hotéis na ilha e há pedidos de licenciamento de 1.800 novas camas em todo o arquipélago.

Segundo a Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas dos Açores (AICOPA), depois de dois anos moribunda, a iniciativa privada no setor “arrancou” nos últimos meses por influência da liberalização das ligações aéreas.

 

Lusa

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