Os números do ICNF ficam, contudo, aquém dos mais 563 mil hectares indicados nas estimativas do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS).
Quanto aos grandes incêndios — sempre que a área total afetada é igual ou superior a 100 hectares -, até 31 de outubro foram registados 214 fogos desta categoria, que foram responsáveis por 412.781 hectares de espaços florestais, cerca de 93% do total da área ardida.
O relatório do ICNF indica um total de 16.981 ocorrências (3.653 incêndios florestais e 13.328 fogachos), com 264.951 hectares de povoamentos e 177.467 hectares de mato ardidos.
Até 31 de outubro de 2017 há registo de 1.446 reacendimentos, menos 8% do que a média anual dos últimos 10 anos.
De acordo com o ICNF, o distrito de Coimbra foi o mais afetado, com um quarto (113.839 hectares) do total da área ardida a nível nacional.
Depois de Coimbra surge o distrito da Guarda, com 60.038 hectares ardidos (14% do total) e o de Castelo Branco, com 52.721 hectares (12% do total).
Quanto ao número de ocorrências, e por ordem decrescente, os distritos de Porto (4.336), Braga (1.743) e Viseu (1.698) foram os que mais registam.
“Em qualquer um dos casos, as ocorrências são maioritariamente fogachos, ou seja, ocorrências de reduzida dimensão que não ultrapassam 1 hectare de área ardida. No caso específico do distrito do Porto a percentagem de fogachos é de 87%”, refere o relatório.
Quanto aos maiores incêndios em termos de área ardida, no topo da lista aparece o que teve origem no dia 15 de outubro em Seia/Sandomil, no distrito da Guarda, que destruiu 43.191 hectares, seguido do registado no mesmo dia em Lousã/Vilarinho (Coimbra), que queimou 35.806 hectares.
No que se refere à Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP), estima-se que tenham ardido 39.388 hectares de espaços florestais (5,5%). Destaca-se o Parque Natural da Serra da Estrela pela maior extensão de área ardida até à data (19.337 hectares, cerca de 21,7% da área total do parque).
A área protegida mais afetada face à sua extensão foi o Monumento Natural das Portas de Ródão, com quase 72% da área total destruída.
Já quanto aos terrenos submetidos ao regime florestal, estima-se que tenham ardido 73.190 hectares (cerca de 18,4%). Segundo o relatório, foi totalmente consumida a Reserva Botânica do Cambarinho, na vertente norte da Serra do Caramulo.
O ICNF destaca ainda a Mata Nacional de Leiria pela maior superfície ardida, com quase 9.476 hectares destruídos (86% do total).
Da análise do índice de severidade diário (DSR) acumulado até 31 de outubro, o ano de 2017 é o ano mais severo dos últimos 15, com valores semelhantes ao ano de 2005, que até aqui tinha sido o mais severo.
Face às condições meteorológicas adversas, favoráveis à propagação de incêndios florestais, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) decretou até à data 116 dias de alerta especial de nível amarelo ou superior do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF), onde se destacam 28 dias do mês de outubro (com exceção apenas para o período de 19 a 21).
O dispositivo de combate a incêndios foi prolongado até ao dia 15 de novembro, na sequência das previsões meteorológicas adversas e da manutenção do risco elevado de incêndios florestais.
Foi igualmente prolongado até 15 de novembro o período de funcionamento dos 72 postos de vigia da GNR, mantendo esta força de segurança as Equipas de Manutenção e Exploração de Informação Florestal (EMEIF) junto de cada Comando Distrital de Operações de Socorro.
Os incêndios em Portugal provocaram este ano mais de 100 mortos e mais de 300 feridos.
Lusa