A observação de baleias e golfinhos é um segmento do mercado turístico em expansão e um contributo para a economia, todavia, o Governo Regional admite que há falhas a nível do cumprimento da legislação.
Numa década aumentou cerca de 16% o número de observadores de baleias e golfinhos nos Açores, mas permanecem falhas na actividade do “Whale Watching”.
Para restabelecer a ordem num sector florescente e que cada vez mais se assume como cartaz turístico do arquipélago, o Governo Regional promete aumentar o grau de cumprimento da lei. “Em termos gerais as empresas cumprem as regras, mas admito que existam falhas. Vamos tornar a fiscalização mais incisiva e no fim desta época alta será notório a alteração de comportamentos e os infractores serão alvo dos respectivos autos”, afirma o director regional do Ambiente, Frederico Cardigos, sem que, no entanto, esclareça como pretende a Região fazê-lo.
Cenário em Portugal
Ontem, no Funchal, onde decorre a 61ª reunião plenária da Comissão Baleeira Internacional, que reúne na capital da ilha da Madeira centenas participantes de 85 países, também ficou a saber-se que a indústria de observação de baleias gerou em Portugal receitas de 11,5 milhões de euros no ano passado.
A investigação da IFAW (International Fund for Animal Welfare) conclui que este nicho de mercado do sector turístico tem vindo a crescer em todo o mundo nos últimos dez anos.
Aponta que no território de Portugal continental e regiões autónomas dos Açores e Madeira a actividade movimentou um total de 158318 observadores.
No que diz respeito aos Açores, a IFAW possui dados que remontam a 1998, ano em que registou 9500 observadores, número que passou para 40180, em 2008, o que significa um aumento de 15,5 por cento em dez anos.
Nesta região podem ser observadas 27 espécies de cetáceos (30 por cento das existentes em todo o mundo), numa actividade que envolve 19 operadores turísticos, efectuada entre Abril e Outubro.
A actividade rendeu aos Açores 7,6 milhões de dólares, ou seja, cerca de 5,5 milhões de euros.
Quanto à Madeira, a IFAW apenas possui dados relativos a 2007 e 2008, referindo que nesses anos o número de observadores passou de 58 mil para 59731.
No arquipélago madeirense, este negócio gerou no ano passado 7,4 milhões de dólares, ocupando nove empresas, que trabalham sobretudo entre os meses de Fevereiro e Agosto, permitindo a observação de 21 espécies de cetáceos nas áreas do Funchal, Porto Santo, Desertas e Selvagens
Nas águas de Portugal continental, a IFAWrefere que 1380 pessoas observaram estes animais em 1998, deixando em Portugal receitas de 87 mil dólares, valor que aumentou para 6,1 milhões em 2008, com a procura de 58407 observadores.
No continente existem 11 operadores turísticos nesta actividade (em 1998 havia um), que trabalham nas zonas de Lagos, Vilamoura, Portimão e Setúbal (estuário do Sado), entre Junho e Setembro.
De acordo com a IFAW, estes números comprovam que a observação de baleias e golfinhos é um segmento do mercado turístico em expansão e um contributo para a economia portuguesa e para a sustentabilidade dos cetáceos.
Whale watching no mundo
O relatório da IFAW mais informa que a observação de baleias movimentou 13 milhões de pessoas de 119 países em 2008, com receitas superiores a 2000 milhões de dólares.
No documento apresentado na capital madeirense, o ministro do Ambiente da Austrália, Peter Garrett, salientou que os resultados demonstram que “as baleias são mais valiosas vivas do que mortas e os benefícios económicos estendem-se para além da caça”.
O responsável australiano salientou que esta indústria cresce 3,7 por cento ao ano, envolvendo, em 2008, 3300 operadores turísticos e gerando cerca de 13200 empregos.
Peter Garrett enfatizou que estes números comprovam as perspectivas de vários países defensores da preservação das baleias, sendo “uma oportunidade económica sustentável e permitindo um melhor conhecimento dos cetáceos, pois as pessoas podem interagir com os animais”.
in AO