‘A Lagoa das Furnas está a morrer e ninguém faz nada’ é o lema deste movimento, que surgiu em meados de agosto na sequência do agravamento do estado das águas daquela lagoa, em cujas margens se cozinha o famoso ‘Cozido das Furnas’.
A coloração amarelada da água e o mau cheio foram alguns dos sintomas que alertaram os promotores desta iniciativa, para quem se trata de salvar “um dos lugares mais fantásticos à face à Terra”.
O Governo dos Açores já assegurou, no entanto, que a Lagoa das Furnas “não é um caso perdido” e que a situação em que se encontra “não é irreversível”.
A coloração amarela da água da lagoa foi originada, segundo o secretário regional do Ambiente, por uma “grande densidade de cinobactérias”, na sequência de muitos dias seguidos de elevadas temperaturas, pouco vento e nenhuma chuva.
Para as autoridades regionais, “o verdadeiro problema da lagoa não está na água, mas na bacia hidrográfica”, sendo a situação originada pelo excesso de nutrientes, especialmente fosfatos, acumulados ao longo de anos de agricultura intensa nos terrenos existentes naquela zona da ilha.
Por essa razão, o processo de recuperação dos terrenos é muito lento, o que levou o secretário regional do Ambiente a afirmar que o problema ocorrido este ano voltará acontecer nos próximos anos, sendo progressivamente menos intenso até desaparecer.
O Governo dos Açores iniciou em 2006 um plano de recuperação desta bacia hidrográfica, que já envolveu um investimento de 16 milhões de euros.
Entre outras medidas, foi alterado o uso do solo em mais de metade das áreas de pastagem da zona envolvente da lagoa, de onde foram retiradas cerca de 500 cabeças de gado.
Por outro lado, o executivo regional adquiriu 265 hectares de terrenos e eliminou fertilizantes em 220 hectares de pastagens, estando a decorrer um plano de florestação que permitirá a reconversão do uso do solo em 130 hectares de área agrícola.
Para reduzir a afluência de sedimentos à lagoa, entre outras medidas, foram construídas 10 bacias de retenção nos leitos das ribeiras.