“Tentam desanimar os meus apoiantes e convencer as pessoas de que não vale a pena fazer campanha porque o candidato Cavaco Silva já está eleito”, afirmou Manuel Alegre, que falava perante cerca de três centenas de apoiantes no jantar-comício que encerrou a deslocação de dois dias aos Açores.
Alegre frisou, no entanto, que “a campanha eleitoral ainda não começou e, em democracia, não há vencedores antecipados”.
Na sua intervenção, o candidato presidencial sublinhou que sabia “ser mais fácil fazer campanha no cargo de Presidente da República, confundindo a função presidencial com a função de candidato à Presidência da República”.
Alegre afirmou ser “um resistente”, que se bateu “toda a vida pela democracia” e que não vai “baixar os braços”.
“Vou bater-me até ao fim, porque não estou aqui a cumprir calendário, estou aqui pela vitória”, assegurou.
Manuel Alegre recordou que nas anteriores eleições presidenciais também se dizia “que Cavaco Silva já estava eleito”, frisando que ficou “apenas a menos de 30 mil votos da segunda volta”.
“Desta vez é diferente porque há o apoio do PS, do BE e de movimentos cívicos”, acrescentou.
Dirigindo-se diretamente aos açorianos, Alegre garantiu estar na corrida “também pela autonomia”, que considerou “um símbolo da liberdade”, defendendo que “reforçando-se a especificidade das regiões autónomas, contribui-se para reforçar a portugalidade e a identidade nacional portuguesa”.
Para o candidato, “a democracia está a ser posta em causa na sua qualidade por uma entidade mítica e uma nova ditadura dos mercados financeiros”.
“O capitalismo financeiro está completamente desregulado, os direitos sociais, os serviços públicos, que custaram o sacrifício e a luta de gerações e gerações, estão a ser postos em causa em toda a parte”, frisou.
Nesse sentido, acusou “as forças conservadoras e do capitalismo financeiro” de estarem “a aproveitar esta crise para pôr em causa esses direitos sociais, além de pretenderem baixar os custos de produção, desvalorizando-se o trabalho”.
Manuel Alegre afirmou que se candidata porque o país precisa de “um Presidente da República que não se cale quando deve assumir a defesa do interesse nacional, que seja moderador e regulador, garante das liberdades e da imparcialidade”.
Portugal, sustentou Manuel Alegre, “não precisa de um [presidente] que acrescente problemas ao funcionamento do sistema, que promulgue leis e a seguir venha desvalorizá-las, que invente conflitos como foi o caso do Estatuto Político Administrativo da Região Autónoma dos Açores”.