Marcelo Rebelo de Sousa disse hoje que vê semelhanças entre o seu “magistério presidencial” e o do primeiro Presidente da República, Manuel de Arriaga, notando que este último o fez com paciência, diálogo e com o estabelecimento de pontes.
“As semelhanças estarão, por ventura, na forma como ele tentou conduzir o seu magistério presidencial, com paciência, com diálogo, com o estabelecimento de pontes, de plataformas. Agora admito que é muito mais fácil fazer isso hoje do que era no arranque da I República”, afirmou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado falava aos jornalistas, na Casa Manuel de Arriaga, na Horta, ilha do Faial, onde recebeu representantes dos seis partidos com assento no parlamento, no âmbito da visita que está a efetuar aos Açores.
Após ser questionado se vê alguma semelhança entre o seu mandato e o de Manuel de Arriaga (Horta, 1840 — Lisboa, 1917), Marcelo Rebelo de Sousa começou por dizer que “a realidade não é exatamente a mesma”.
“Felizmente a democracia portuguesa está estabilizada, a República portuguesa está estabilizadíssima e, portanto, digamos que o papel do Presidente Manuel de Arriaga era muitíssimo mais complicado do que o papel do atual Presidente da República”, adiantou.
Marcelo Rebelo de Sousa explicou que “não foi casual” a escolha do espaço para a reunião com representantes do PS, PSD, CDS-PP, BE, PCP e PPM, destacando a importância de Manuel de Arriaga.
“Foi um Presidente da República muito importante, porque foi um pacificador, um homem de diálogo, num período complexo do nascimento da República portuguesa”, observou, assinalando que “quando nasceu a República portuguesa havia à partida um só partido, que era o Partido Republicano Português que depois se dividiu em vários partidos”.
O chefe de Estado lembrou que Manuel de Arriaga “teve de enfrentar a realidade da transformação do sistema partidário”, além de ter conhecido “problemas económicos e sociais muito complicados” e “um período difícil que foi o arranque” da I Grande Guerra, tendo que “conviver com essa realidade” mas “sendo sempre um homem de diálogo, estabelecendo pontes” e “um pacificador”.
“É uma homenagem ao Presidente Manuel de Arriaga que, durante muito tempo, foi ou esquecido ou cuja vida foi ignorada ou foi até injustiçada, que cumpriu uma missão muito, muito importante. É uma homenagem à terra, aos Açores, a esta ilha, a esta grande cidade e ao Presidente Manuel de Arriaga e àquilo que ele representou”, acrescentou.
A Casa Manuel de Arriaga foi adquirida e recuperada pelo Governo dos Açores e acolhe uma exposição permanente que evoca a vida e a obra de Manuel de Arriaga, bem como os ideais republicanos.
Manuel José de Arriaga Brum da Silveira foi eleito primeiro Presidente da República a 24 de agosto de 1911. O seu mandato decorreu num período político conturbado, durante o qual empossou seis governos. Foi obrigado a resignar a 26 de maio de 1915.
Lusa