Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda na Assembleia da República, alertou para o processo de ‘privataria’ – privatização e pirataria – que está a acontecer nos Açores, nas áreas da Saúde, Educação e Energia, com a atribuição de dinheiros públicos para a concretização de negócios privados.
A deputada do Bloco esteve ontem no Pico, onde participou numa sessão pública, cujo ponto de partida foi o conteúdo do livro “Privataria”, de que é autora, e que conta a história das privatizações em Portugal.
“Quando chegamos aos Açores e vemos colégios privados, situados junto de escolas públicas, e que são subsidiados pela Região, também estamos a falar de privataria, quando existe uma unidade de radioterapia que é financiada por dinheiros públicos, e que depois presta o serviço mais caro do país, também é privataria, quando o Governo Regional apoia empresas privadas para produzirem energia que será vendida na totalidade à rede pública, isso também é privataria, e quando falamos na possibilidade de vir a existir nos Açores um off-shore, issotambém é privataria”, disse Mariana Mortágua em declarações aos jornalistas.
A deputada defendeu os efeitos negativos das privatizações, reiterando que “só se privatizam as empresas que dão lucro”, e que apesar do encaixe financeiro imediato, o Estado perde, não só, as receitas geradas todos os anos por estas empresas, mas também o controlo sobre sectores estratégicos: “Quando nós entregamos as redes elétricas, a produção de energia, as redes telefónicas, os aeroportos, os correios, que são símbolos de soberania, e sectores importantíssimos para qualquer autodeterminação, a interesses privados, e a países estrangeiros, estamos a pôr em causa a nossa soberania”.
“Houve uma altura em que as pessoas acreditaram que as privatizações eram boas para o país, porque acreditavam que estas empresas seriam melhor geridas. Mas há exemplos que provam o contrário: a PT foi privatizada, e desapareceu, o BES e o BANIF – um caso que os açorianos conhecem bem – são bancos privados que acabaram por falir, levando o dinheiro das pessoas atrás”, disse Mariana Mortágua.