A Marinha Portuguesa cedeu um navio desativado para a criação de um recife artificial nos Açores, que vai permitir “regenerar e estudar a vida marinha da região”, destacou hoje o ministro da Defesa Nacional.
Foram esta segunda-feira assinados os protocolos de cedência do navio desativado Schultz Xavier, bem como o memorando de entendimento entre o Governo Regional dos Açores e a Parley Foundation For the Oceans, que irá criar um recife artificial a partir do afundamento do navio.
Na cerimónia, que aconteceu, em Ponta Delgada, o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, destacou que, com esta iniciativa, “o turismo especializado de atividades subaquáticas ganha, nos Açores, mais um polo de referência, mas, para além disso, o coral artificial que será criado pelo navio afundado permitirá regenerar e estudar a vida marinha da região”.
Ainda não há uma localização fechada para o afundamento deste navio, já que várias autarquias açorianas mostraram interesse no projeto, mas a fundação ambientalista Parley For the Oceans espera ter o processo concluído no final de 2022.
A operação acontecerá em “estrito cumprimento das normas ambientais para o afundamento de navios”, garantiu o ministro, adiantando que a Marinha Portuguesa tem já uma “vasta experiência” neste âmbito, tendo já cedido quatro navios à região do Algarve e dois à Região Autónoma da Madeira.
Gomes Cravinho frisou ainda o “empenho enorme da melhoria permanente” das práticas das Forças Armadas portuguesas “na redução da sua pegada ambiental, na proteção dos ecossistemas vitais ao bem-estar da sociedade”.
A diretora da organização responsável pela criação do recife, Daniela Coutinho, defendeu que “a proteção do oceano” e dos seres que nele habitam “assegura, acima de tudo, a nossa liberdade”, já que “sem recursos não há liberdade”.
Com esta ação, a fundação global formaliza a sua presença em Portugal, com um protocolo que pretende, entre outras coisas, “promover, dentro das competências dos signatários, a cooperação institucional, técnica e científica” e promover o “combate às alterações climáticas e a proteção da biodiversidade”.
Será promovido um “programa de arte, que consistirá, primeiramente, na criação de um recife artificial a partir do afundamento do navio”, bem como a realização de workshops e vários projetos de sensibilização, envolvendo vários setores da sociedade, incluindo as escolas.
A Parley For the Oceans luta pela proteção dos oceanos e da sua biodiversidade e quer “formar uma nova mentalidade de consumo” através das “indústrias criativas”, que têm “as ferramentas para moldar a realidade e desenvolver modelos de negócio alternativos e produtos ecológicos”, lê-se no ‘site’ da organização.
O presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, que firmou o memorando de entendimento com esta entidade, destaca que esta parceria demonstra que a “fundação, na sua relevância mundial, encarou bem a importância geoestratégica dos Açores e o valor que os Açores acrescentam à dimensão mundial da própria fundação Parley For the Oceans”.
Para o social-democrata, “a consequência da poluição dos mares e dos plásticos nos oceanos é tão drasticamente gravosa para a sustentabilidade da vida no mar e na Terra”, que “a causa dos mares e dos oceanos tem de ser matriz das políticas públicas locais, regionais, nacionais e mundiais”.
Lusa