Marisa Matias, cabeça-de-lista do Bloco de Esquerda às eleições para o Parlamento Europeu, encontrou-se esta manhã com pescadores na freguesia de Rabo de Peixe, ilha de São Miguel, onde defendeu a implementação de medidas ao nível da Política Comum de Pescas da União Europeia que garantam o aumento do rendimento dos pescadores, em detrimento dos intermediários, que acabam por ficar com a quase totalidade dos lucros desta atividade.
“A UE define três pilares para o desenvolvimento da Pesca – económico, ambiental e social –, mas, mais uma vez caminhamos para que o social continue a ser destruído, o ambiental perde valor, e o económico prevalece: não no sentido da redistribuição de riqueza, mas através da concentração da riqueza nos intermediários, deixando os pescadores quase sem qualquer retorno pela sua atividade profissional”, disse Marisa Matias em declarações aos jornalistas.
“Tem que haver um mínimo de retribuição par quem trabalha, que é quem se faz ao mar e corre os riscos”, salienta a candidata, e atual eurodeputada pelo Bloco de Esquerda.
Marisa Matias revelou que o Bloco de Esquerda irá continuar a empenhar-se na luta pelo regresso da Zona Económica Exclusiva dos Açores até às 200 milhas, lembrando que, com o Tratado de Lisboa, os Açores viram a sua ZEE reduzida para as 100 milhas.
“É fundamental garantir o acesso dos pescadores açorianos, que têm poucos recursos, a este espaço que é seu por direito”, disse a candidata do BE.
A eurodeputada do BE aproveitou ainda para lembrar uma proposta que apresentou no atual mandato, para que fosse criada nos Açores uma Comunidade de Inovação e Conhecimento sobre recursos marítimos, lamentando, no entanto, que “esta proposta que interessava tanto a Portugal, e particularmente aos Açores, tenha sido recusada pela maioria, e nem os deputados portugueses a apoiaram”.
“Num momento em que a investigação científica no domínio dos recursos marítimos é uma prioridade na União Europeia, não se compreende como é que este polo não é colocado nos Açores, onde existe experiência e conhecimento e há capacidade científica instalada”, concluiu Marisa Matias.