A dupla Medeiros/Lucas edita esta semana o álbum “Sol de Março”, que fecha uma trilogia como se fosse “três partes de um puzzle de uma pessoa, de uma personagem humana”, explicou Pedro Lucas à agência Lusa.
A estes dois álbuns junta-se agora “Sol de Março”, que conclui uma trilogia que foi acontecendo à medida que as canções surgiram.
Segundo Pedro Lucas, o escritor João Pedro Porto, convidado para escrever as letras do segundo álbum, deu o empurrão para o terceiro registo.
“Tínhamos abordado o lado da emoção e do romantismo no primeiro disco, o lado do corpo e da fisicalidade no segundo. Então ele sugeriu que faria sentido ir para um terceiro tomo que abordasse a parte da razão, da cabeça, do pensamento. E assim foi”, recordou Pedro Lucas.
O músico descreve “Sol de Março” como sendo o mais luminoso dos três álbuns, por contraste com o primeiro “bastante mais escuro” e com o segundo “mais cru e mais direto”.
“Conceptualmente acabam por ser três partes de um puzzle de uma pessoa, uma personagem humana que está no centro desta trilogia que é composta por corpo, pensamento e emoções. E essa personagem, sem que as coisas sejam estanques, foca-se em cada uma dessas partes”, disse.
As canções foram escritas sobretudo por Pedro Lucas, a partir das letras de João Pedro Porto, e Carlos Medeiros foi “mantendo uma distância crítica, porque é o intérprete”.
A dinâmica do projeto português, com Carlos Medeiros em São Miguel e Pedro Lucas em Lisboa, inclui ainda os músicos Augusto Macedo (baixo, teclado) e Ian Carlo Mendoza (bateria, percussão) como elementos fixos no grupo.
A eles, para este “Sol de Março” juntaram-se ainda Rui Souza (teclados), Antoine Gilleron (trompete), Gonçalo Santos (bateria), João Hasselberg (contrabaixo) e Tine Grgurevic (teclados).
“Sol de Março” será apresentado na íntegra no dia 29 no Teatro Ibérico, em Lisboa, mas o alinhamento terá também algumas canções dos restantes discos.
“A parte com piada é sair das quatro paredes [do estúdio] e mostrar às pessoas, dar um fôlego novo às canções, porque vão-se transformando”, disse Pedro Lucas.
“Sol de Março” é ainda o primeiro álbum que Pedro Lucas fez integralmente a viver em Portugal, onde regressou em 2016 depois de ter vivido e trabalhado uma temporada em Copenhaga.
Antes de Medeiros/Lucas, Pedro Lucas tinha o projeto O Experimentar Na M’Incomoda, no qual explorava o cancioneiro tradicional dos Açores, reinterpretando-o à luz da músicaurbana, muito por culpa precisamente de Carlos Medeiros.
“O Carlos fez com que me voltasse a interessar pela cultura dos Açores. É mais liberto e jovial do que eu em algumas coisas. Vai-me abrindo a memória para coisas que me vou esquecendo”, disse Pedro Lucas.
Lusa / Foto de Arquivo