No entanto a doença não se manifesta apenas no Inverno e desde ontem que especialistas reunidos em São Miguel a têm debatido .
De acordo com o relatório de 2008 do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, em Portugal as pneumonias continuam a ser um sério problema. Isto porque mais de 25.000 doentes foram internados em 2007, sendo de 15% a mortalidade dos internados por infecções das vias aéreas inferiores e pulmão, o que as colocam como a primeira causa de morte por doença respiratória.
Nos Açores, apesar da ausência de estudos comparativos ou epidemiológicos nacionais e regionais – denunciada no próprio relatório -, o quadro será em tudo semelhante ao todo nacional. António Prisco, médico infectologista ( Infectologia é a especialidade médica que se ocupa do estudo de doenças causadas por microorganismos) no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, explica que é importante realçar o que se pode fazer em termos de prevenção. Assunto sobre o qual versou a sua apresentação no encontro que hoje termina. E o quê é? Desde logo, não fumar e não descurar a vacinação quando se integra um grupo de risco, nomeadamente a vacina da gripe (anual)e a vacina pneumocócica, indicada para idosos; pessoas que tenham alguma doença como a diabetes ou outras, crónicas e debilitantes do sistema imunitário.
Raul Amaral Marques, da SPP – Sociedade Portuguesa de Pneumologia, especialista em gripe(s), diz que as pessoas revelam actualmente uma maior preocupação em se informarem. Desde logo com recurso a uma ferramenta: a Internet. O que não quer dizer, alerta, que seja sempre positivo, pois contribui muitas vezes para estados de ansiedade escusados.
No que a doenças do foro respiratório diz respeito, o especialista também recorda que “a pneumonia hoje em dia constitui uma causa de morte muito importante em qualquer país do mundo”. Porquê? “Porque temos pessoas cada vez mais idosas”, esclarece. Ou seja, hoje em dia já se utiliza a expressão “grandes idosos”, aplicada a pessoas com mais de 75 anos de idade.
O tabaco, por sua vez, contribui para as neoplasias, como o cancro de pulmão e “embora o tabaco neste momento esteja muito banido da nossa sociedade, as consequências do seu consumo continuam a ser uma causa de morte por dois motivos: pelas doenças obstrutivas brônquicas e pelas neoplásicas (cancros).
Raul Amaral Marques refere que a diminuição dos efeitos nefastos do tabaco, em relação às doenças neoplásicas, só daqui a dez ou vinte anos é que vai começar a notar-se, ou seja, quando “houver de facto uma diminuição grande dos hábitos tabágicos”.
No entanto, alerta, apesar de todos os impedimentos ao livre consumo, diz notar-se que “a juventude continua a fumar cada vez mais e cada vez mais jovem!”
” Há aqui um aspecto de contradição: por um lado as pessoas mais adultas tomaram consciência de que devem deixar de fumar, mas os jovens… acho que é um aspecto de afirmação perante os outros”, comenta.
Olímpia Granada (in AO)