A primeira experiência piloto envolve o Centro de Saúde da Ribeira Grande e o Hospital do Santo Espírito, em Angra do Heroísmo. A partir de Outubro, o sistema estender-se-á a outras unidades de saúde.
A ideia de receitar electronicamente não é nova mas só agora vai ser implementada.
Segundo fonte da Secretaria Regional da Saúde, o objectivo é que todos os médicos do SRS, nas unidades públicas de saúde, façam as suas prescrições através de um sistema informático a que acederão todas as farmácias do arquipélago.
O utente a quem forem receitados os medicamentos, quando proceder ao seu avio, apenas terá de apresentar o cartão de utente e o ‘pin’ respectivo.
A declaração de guerra ao bloco de receitas tradicional inscreve-se, segundo a fonte citada, num esforço de melhor atendimento e acompanhamento da história clínica dos utentes. O facto das receitas serem processadas electronicamente tem a vantagem de se arquivar toda a informação relativa ao consumo de fármacos pelos utentes do SRS e traçar, inclusivamente, o perfil do médico prescritor que há muito foi anunciado como uma das medidas de controlo da qualidade e eficiência do SRS.
Na primeira fase do projecto, as duas unidades de saúde referenciadas – o Centro de Saúde da Ribeira Grande e o Hospital de Angra – vão prescrever electronicamente, mas o utente ainda trará consigo a receita impressa em papel.
Mas a partir de Outubro, estas duas unidades vão mesmo deixar de imprimir qualquer receita. Será nessa altura que as farmácias deverão aceder ao “server” central do SRS para poderem aviar os medicamentos aos utentes.
A Região já assinou um protocolo de intenções com a Associação Nacional de Farmácias que, no entanto, carece de aprofundamento, estando previsto o estabelecimento de um novo protocolo mais específico.
O delegado da Associação Nacional de Farmácias em São Miguel, José Aires, diz que “é um passo importante rumo ao futuro, na protecção do próprio utente”.
Actualmente, um terço das farmácias da Região já dispõe de um sistema informático virado para a protecção do utente.
Trata-se de uma aplicação informática que permite o registo dos dados pessoais do utente, dos medicamentos por ele aviados e respectivo histórico e quem prescreveu. O Sifarma 2000 faz, ainda, a gestão nominativa do perfil farmacêutico do utente bem como a descrição de reacções adversas a determinados medicamentos, caso sejam denunciadas pelo utente. José Aires diz que este sistema, que é um sucedâneo de um anterior virado exclusivamente para a gestão corrente da farmácia (na gestão de stocks, por exemplo) permite, “com muita segurança aferir a coerência das prescrições de um dado doente”, que vai a diferentes clínicos e que, por vezes, pode omitir algumas informações relevantes. Por absurdo, até pode haver contra indicações na administração de vários fármacos em simultâneo.
Este sistema, virado para o utente, não exclui uma perspectiva comercial de fidelização do cliente a uma farmácia.
Carmo Rodeia (in AOriental)