Memorando de Entendimento dá novo enquadramento político e institucional à relação afetiva entre os Açores e a Bermuda, afirma Vasco Cordeiro

O Presidente do Governo dos Açores e o Premier da Bermuda assinaram hoje, em Ponta Delgada, um Memorando de Entendimento entre os dois Governos, que confere um novo enquadramento institucional e político à relação afetiva existente entre os dois arquipélagos atlânticos.

“A relação afetiva entre os Açores e a Bermuda ganha hoje um novo enquadramento institucional e político com a assinatura deste Memorando. Queremos que esta relação seja, cada vez mais, revigorada e dinâmica entre os dois Governos e entre os dois Povos”, afirmou Vasco Cordeiro.

O Presidente do Governo falava no início da visita oficial do Chefe do Governo da Bermuda, Michael Dunkley, à Região, na sequência de um convite dirigido pelo Presidente do Governo dos Açores, formalizado em junho de 2015, aquando da deslocação do Subsecretário Regional da Presidência para as Relações Externas àquele arquipélago para assinalar os 165 anos da emigração açoriana.

Na cerimónia de assinatura do Memorando, Vasco Cordeiro salientou que este foi, assim, um momento de grande significado institucional e político, que consagra a amizade entre os dois Povos, que honra uma história de relacionamento com mais de um século e meio de existência e que esbate distâncias e aproxima os dois lados do Atlântico Norte.

“Este ato é, por isso, e em si mesmo, também uma homenagem aos milhares de Açorianos que, desde a primeira metade do século XIX, rumaram à Bermuda, contribuindo para o seu desenvolvimento económico, social e cultural, e que leva a que, hoje, cerca de 20 a 25% dos seus habitantes tenham sangue português – o mesmo será dizer, Açoriano – a correr nas suas veias”, sublinhou Vasco Cordeiro.

Na sua intervenção, o Presidente do Governo destacou ainda que, ano após ano, a Identidade Açoriana foi crescendo na comunidade emigrada da Bermuda, não como antítese, mas como complemento essencial na sua valorização e no seu relacionamento com outros povos e culturas.

“A criação recente da Casa dos Açores da Bermuda, instituição que incide a sua atividade na promoção da nossa Região e das nossas particularidades nesse território, é um reflexo disso mesmo e merece, de igual modo, o nosso apreço e admiração pelo contributo na afirmação da `Açorianidade´ naquele território”, frisou.

Esta vontade dos Açorianos na Bermuda é acarinhada pelo Governo dos Açores, assegurou Vasco Cordeiro, dando o exemplo do apoio atribuído, desde 2004, à Escola Portuguesa da Bermuda, num esforço que será mantido de promoção da Língua naquele arquipélago.

Apontou ainda o caso da doação de material didático e cultural – duas bibliotecas com mais de 500 livros cada sobre a história, a geografia e a cultura dos Açores – ao Bermuda College e à Biblioteca Nacional da Bermuda, bem como um conjunto de outro material didático à Warwick Academy, uma das mais reputadas escolas privadas da Bermuda, com cerca de 700 alunos.

“Prestamos, assim, homenagem não apenas aos Açorianos que, ao longo de décadas e de gerações, escolheram a Bermuda para viver e para trabalhar, mas também a todos aqueles que, na Bermuda, sendo descendentes, ou não, de Açorianos, gostariam de conhecer melhor os Açores”, afirmou o Presidente do Governo.

Segundo disse, o Memorando de Entendimento hoje assinado está, também, direcionado para o presente e para o futuro, na medida em que procede ao enquadramento da cooperação a aprofundar entre os dois Governos, mas que se estende ainda a instituições das sociedades civis, identificando áreas, apontando caminhos e definindo objetivos que possam contribuir para uma nova etapa neste relacionamento.

“Este Memorando representa, assim, uma vontade recíproca de nos conhecermos melhor, de aprendermos com os sucessos, mas também com os desafios que os nossos arquipélagos enfrentam, colhendo para as nossas Regiões e em benefício dos nossos Povos os ensinamentos, as experiências que resultem desta situação”, destacou. 

O Memorando de Entendimento entre os dois Governos define o quadro de cooperação e entendimento mútuo entre as Bermudas e os Açores, assim como o estreitamento das relações entre as suas populações, instituições e entidades públicas e privadas. 

Ao abrigo deste acordo, os dois Executivos vão empenhar-se em facilitar, promover e apoiar a cooperação entre os seus territórios em áreas como a cultura, a história e tradições populares, o mar, a conservação do ambiente marinho e terrestre e o desenvolvimento sustentável, o relacionamento entre instituições de formação, investigação e ensino e intercâmbio de estudantes, professores e investigadores, assim como o associativismo comunitário, em especial nas áreas cultural e social.

Além disso, os Governos dos Açores e da Bermuda comprometem-se a explorar novas áreas de cooperação que possam contribuir para o desenvolvimento económico e social, bem como para a aproximação das populações da Bermuda e dos Açores, designadamente em termos da cooperação económica nas áreas do turismo, comércio e investimento externo, e no âmbito dos programas e do relacionamento com a União Europeia.

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