Para o autor de “Os Insubmissos”, “o livro tornou-se um amigo, foi nele que em muitos casos, nos descobrimos, com ele crescemos e nos transformamos, permanecendo fiéis ao mais profundo da nossa natureza”.
Urbano Tavares Rodrigues refere que o livro “suportou a concorrência do cinema e da televisão, com os quais estabeleceu relações íntimas de interpenetração” e “muito mais tarde sofreu a concorrência da Internet e resistiu-lhe”.
Uma resistência também à “barbárie economicista”, segundo o autor, que sublinha a função do livro, com “a sua magia glorificada como resistência do espírito, que é e será contra a barbárie economicista que reduz tudo a dinheiro”
“O modelo de globalização neo-liberal”, no entender do autor, “não afecta a grande literatura”, mas “marcou profundamente os subprodutos muito vendáveis, contendo lixo literário”.
Se “há por vezes o que parece ser uma concessão a processos um pouco fáceis de sedução do leitor”, Tavares Rodrigues atesta que “continua a fazer-se muito boa literatura”.
Na mensagem, Urbano Tavares Rodrigues traça ainda a evolução do livro e da leitura desde “os mais antigos e preciosos manuscritos” à imprensa “que inicia um processo de democratização da leitura”.
“O livro, de começo destinado a um escol de leitores, não tarda a chegar às massas devido ao ruído social e até ao escândalo de obras como as de Victor Hugo”, recorda Tavares Rodrigues.
Vulgarizou-se mais tarde, refere, como “o subproduto romanesco, a partir de obras com certa qualidade, que foram imitadas, vulgarizadas, estereotipadas”
“O livro, que às vezes provinha do folhetim, ganhou cor, beleza, tornou-se umas vezes discreto, outras vezes berrante para chamar a atenção do público mais simplório”, teorizou.
O autor termina a mensagem com um apelo: “Desejo que brilhe com a suprema luz da paz e da fraternidade universal este novo dia do livro”.