Nesta noite de Natal, em que, também por todas as nossas ilhas, se celebra o Nascimento de Jesus, a Esperança e a Renovação, quero começar por dirigir-me às Açorianas e Açorianos para quem este é um tempo não, totalmente, de Alegria, de Conforto ou de Paz.
Seja por circunstâncias que podem estar no seu poder alterar, seja por circunstâncias que ultrapassam a sua vontade, a todos quero, especialmente hoje, transmitir uma mensagem de que não estão sós neste combate face às vicissitudes da vida, sejam elas, desde logo, a doença, a solidão, a procura de emprego ou o desânimo.
E quero dizer-lhes que, no trabalho que todos os dias realizamos, é também a resposta a estas necessidades que procuramos ajudar a construir.
Ao longo deste ano que agora está prestes a terminar, foram muitos e variados os desafios que tivemos pela frente e que vencemos com determinação, com trabalho e com união.
Ainda recentemente, no início de outubro, voltamos a ver testada a nossa capacidade de superação, quando as nossas ilhas foram atingidas por um furacão que deixou avultados prejuízos materiais.
A este propósito, e como em tantas outras circunstâncias da nossa vida, a questão não é se temos desafios, obstáculos ou dificuldades para vencer. Isso vamos sempre ter. Resolvidos uns, surgirão outros, porventura diferentes, porventura semelhantes.
A questão é o que fazemos, como o fazemos e que resultados alcançamos.
Mas, sobretudo, a questão é, se face a um desafio, a um obstáculo ou a uma dificuldade, centramo-nos no problema ou centramo-nos na solução.
O que os Açores têm feito, o que os Açorianos têm feito, é, exatamente, procurar soluções e obter resultados.
Temo-lo feito no uso da nossa Liberdade, exercendo a Democracia e cumprindo a nossa Autonomia.
E nessa nossa caminhada, na nossa relação com essas três dimensões, que são também dimensões da nossa vida como Povo, é muito importante que nunca nos esqueçamos que nenhuma delas está absolutamente garantida, nenhuma está eternamente assegurada.
É, por isso, que, mesmo na análise mais exigente, mesmo no debate mais acesso, mesmo na crítica mais corrosiva, nunca nos esqueçamos que só os poderemos fazer, se e enquanto, formos livres, respeitarmos todos e cada um e tivermos a capacidade de sermos nós, Açorianos, os construtores do nosso futuro.
O Natal é o momento em que comemoramos as nossas vidas e ganhamos forças para termos mais esperança e renascermos para um Novo Ano, com empenho, com coragem e com determinação.
É, também, um tempo de paz, de serenidade, de reflexão e de compreensão.
Um tempo para nos entendermos connosco próprios, para nos entendermos uns com os outros e para, lembrando os que nos fazem falta, refletirmos sobre o sentido que damos às nossas vidas, seja nos combates que travamos, seja nas vitórias que alcançamos.
Um tempo para que, cada um de nós, pense quão frágil é a vida e para que, com esse pensamento bem presente, possamos, de certa forma, ponderar sobre os caminhos que queremos percorrer, os erros que devemos consertar e as oportunidades que queremos agarrar para fazer um futuro melhor.
Estas minhas palavras querem, no fundo, transmitir-vos algo de concreto, ou seja, que somos uma Região e um Povo que, face aos desafios do Futuro, não se amedronta e ambiciona ganhá-los.
Que se satisfaz com o muito que percorremos e alcançamos, mas que ainda quer alcançar mais, quer conseguir mais… e tudo isso cuidando dos nossos concidadãos, sobretudo, os que estão numa situação de maior fragilidade;
Olhando e zelando por quem está ao nosso lado e que, quando, momentaneamente, por qualquer motivo, caímos ou duvidamos, todos ajudam a levantar e a levantar ainda mais fortes.
Estas palavras são, por isso, mais do que um anseio do Presidente do Governo dos Açores, uma forma de expressar o sentimento de um Povo, o qual, sempre que é preciso e onde é preciso, segue unido e lado-a-lado, não deixando ninguém para trás.
Há ainda muito a fazer, mas, no fundo, é tudo isto que nos define como Região. A capacidade que temos, e que queremos sempre ter, de nunca esquecermos o essencial e de construirmos uma Região que possa sempre orgulhar-se do seu percurso.
A todas as Açorianas e Açorianos – estejam nas nossas nove ilhas ou na imensa Diáspora espalhada pelo mundo -, assim como a todos aqueles que sentem esta terra como sua, desejo, em meu nome, em nome da minha família e em nome do Governo dos Açores, um Santo e Feliz Natal e um ano 2020 pleno de sucessos.