O presidente do Conselho de Administração da ANA – Aeroportos de Portugal, Jorge Ponce de Leão, assinalou hoje que a meteorologia torna a Madeira uma rota pouco “sedutora” para mais companhias aéreas voarem para a região.
Para “equilibrar a procura e oferta”, no que refere à Madeira, seria necessário um “terceiro operador” no terreno que ligasse o continente à região, além da TAP e easyJet, reconheceu Ponce de Leão no parlamento, embora com um alerta: “A rota da Madeira não é mais fácil para isso”, isto é, para novas entradas de companhias aéreas.
“Há um número de irregularidades e custos adicionais” nesta operação, nomeadamente com a meteorologia, como se tem visto nos últimos dias, com vários voos cancelados e adiados.
“A meteorologia determina que a Madeira não seja uma rota extremamente sedutora para a generalidade das companhias aéreas”, prosseguiu o gestor, falando na comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas.
No arranque da sua intervenção, Ponce de Leão admitiu perante os deputados ter utilizado uma “expressão inapropriada” em entrevista recente ao Jornal de Negócios ao falar numa oferta cartelizada nos voos para a Madeira.
“Não foi esse o alcance nem intenção das minhas palavras que de forma metafórica (…) se limitavam a constatar uma situação de mercado em que, existindo uma procura com elasticidade limitada pelas circunstâncias e uma oferta condicionada, conduz na prática a um mercado distorcido”, declarou, justificando-se pela “expressão inapropriada” que admite que teceu.
A entrevista ao Jornal de Negócios é um dos pretextos da audição do responsável, pedida pelo grupo parlamentar do PS.
Ponce de Leão advogou perante os parlamentares que muito do que é refletido nos preços das viagens diz respeito às “máquinas” e simulações virtuais, dando como exemplo períodos festivos.
“Mesmo para viagens daqui a quatro ou seis meses, com um feriado na quinta-feira, se fizermos uma consulta de custo de viagem dessa quinta a domingo, esses quatro dias vão ser muito mais caros do que os quatro dias anteriores. Isto é um sistema inteligente de otimização de preços”, declarou.
Depois, o gestor deu o exemplo das viagens para Bruxelas, que eram exclusivas da TAP e da Brussels Airlines e que nos últimos anos se estenderam à Vueling e à Ryanair, “aumentando a oferta em 52%, a procura em 60% e com o custo médio dos bilhetes a descer 30%”.
O deputado do PSD Paulo Neves advogou que há 40 companhias áreas a voar para a Madeira, demonstrando que este é um destino interessante, e traçou comparativos de preços de viagens entre Lisboa e o Funchal e Lisboa e outros destinos, alguns a “nove horas de distância” e a preços mais apelativos.
Lusa