“Graças a visitas num e noutro sentido e às facilidades de comunicação por telefone e pela Internet, os residentes nos Açores continuam a manter laços estreitos com as comunidades radicadas nos EUA e Canadá”, afirmou à Lusa a socióloga Gilberta Rocha, responsável pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade dos Açores, entidade parceira da 16.ª Conferência Internacional Metropolis, que começa na segunda-feira em Ponta Delgada.
Esta especialista salientou que a emigração de açorianos para a América do Norte tornou-se “residual” desde finais do século XX, mas admitiu que possa ser “retomada”, à semelhança do que já acontece em relação ao Continente, devido à crise económica.
A Conferência Internacional Metropolis, o principal fórum mundial na área das migrações, vai debater na próxima semana os fenómenos migratórios atuais na perspetiva das sociedades de origem dos emigrantes, reunindo políticos, investigadores e organizações não governamentais, num total de cerca de 600 pessoas.
O diretor geral da Organização Internacional para as Migrações, William Swing, o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, e o ex-comissário europeu António Vitorino são alguns dos participantes neste encontro internacional.
Para a diretora regional das Comunidades, Graça Castanho, esta reunião constituirá uma “chamada de atenção para problemáticas particulares das ilhas”, como as questões levantadas pela deportação para o arquipélago de emigrantes condenados em tribunais dos EUA e Canadá.
“Os países e os decisores políticos têm vindo a mudar as leis, tornando-as mais favoráveis aos emigrantes” em funções das posições assumidas pela conferência, frisou Graça Castanho em declarações à Lusa.
A diretora regional das Comunidades sublinhou igualmente que as políticas adotadas nos Açores no acolhimento de repatriados, na integração de emigrantes regressados e na preservação da cultura de origem nas comunidades radicadas no exterior são objeto de “estudo em escolas e universidades” portuguesas e estrangeiras.
Relativamente aos “laços” existentes entre os Açores e as suas comunidades, Graça Castanho apontou o caso do Brasil para indicar que, no Estado do Rio Grande do Sul, se mantêm tradições açorianas ancestrais e se vai celebrar em 2012 o 260.º aniversário da presença açoriana.
“Nos EUA e Canadá, as comunidades açorianas também mantêm uma marca de singularidade, apesar de ambos os países serem destinos de integração fácil”, acrescentou.
Graça Castanho destacou a relevância do debate sobre as problemáticas das migrações, alegando que, num mundo cada vez mais global, as “errâncias” fazem-se “em todos os sentidos e são imprevisíveis”.