Milhares manifestaram-se hoje contra as medidas de austeridade impostas pelo Governo

Centenas de milhares de pessoas manifestam-se hoje um pouco por todo o país, de Norte a Sul, de Braga a Portimão, no âmbito do protesto “Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!”. Em Lisboa, assistiu-se a uma participação em massa. A Praça de Espanha, no final do protesto, foi pequena para acolher os milhares de manifestantes.

Cerca de um milhar de pessoas manifestaram-se em Portimão contra as  medidas de austeridade impostas pelo Governo e pediram a demissão do executivo  de coligação PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho. 

Os manifestantes concentraram-se às 16:00, em frente da Câmara de Portimão,  e desfilaram depois pelas ruas da baixa da cidade até à marginal, onde quem  quis tomou a palavra para dizer o que entendia e protestar contra as medidas  de austeridade, como as alterações à Taxa Social Única, que disseram estar  a agravar o nível de vida dos portugueses.  

Com palavras de ordem como “Passos ladrão, não vales um tostão” ou  “Passos atenção, não queremos exploração” e cartazes com frases como “Troika  que os pariu”, os manifestantes deram voz ao seu desagrado pelo novo pacote  de medidas de austeridade anunciadas e contra a situação difícil que o Algarve  e o país atravessa em termos de desemprego.  

“Não é admissível que este Governo, a mando da troika, queira formar  milhares ou milhões de descamisados. Não admitimos.    É uma tristeza, uma  desgraça, os nossos governantes nunca cumprem o que promete. E vejam como  está o nosso país: um milhão de desempregados, os jovens têm que emigrar”,  afirmou João Vasconcelos, da organização da manifestação. 

No centro histórico de Évora juntaram-se cerca de 500 pessoas contra  as medidas de austeridade. 

Os manifestantes começaram a chegar à Praça do Giraldo, considerada  a ‘sala de visitas’ de Évora, por volta das 17:00, percorreram algumas das  principais ruas até aos Paços do Concelho e voltaram à principal praça da  cidade, onde foram feitos os discursos. 

Empunhando cartazes contra o Governo e a troika, os manifestantes gritaram  palavras de ordem como “Está na hora de o Governo ir embora” e “O povo unido  jamais será vencido”. 

Lúcio Caeiro, um dos organizadores do protesto em Évora, disse à Lusa  que “não esperava” a participação de tantas pessoas e realçou que esta adesão  “significa que os portugueses estão indignados”. 

 

Na cidade de Setúbal, cerca de três a quatro mil pessoas concentraram-se  no Largo José Afonso e desfilaram pela Avenida Luísa Todi até à Praça do  Bocage. 

Durante o protesto contra as medidas de austeridade ouviram-se palavras  de ordem a pedir a demissão do Governo e cantou-se o hino nacional. 

Cerca de 1.500 pessoas, segundo dados da PSP, juntaram-se hoje no centro  de Vila Real também em protesto contra as medidas de austeridade anunciadas  pelo Governo. 

Na cidade onde cresceu, o primeiro-ministro foi vaiado e até convidado  a seguir o seu próprio conselho e emigrar.   

 

“Pedro vai para a rua!”, gritaram em uníssono os manifestantes, muitos  deles professores, jovens e desempregados.  

“Sacríficos? Tenham juízo” ou “Governo PPC, cavalo de troika”, foram  algumas das palavras de ordem que se podiam ler nos cartazes espalhados  pela praça do município. 

Em Braga, a manifestação juntou, segundo a PSP local, cerca de cinco  mil pessoas e decorreu de forma “totalmente ordeira e pacífica”. 

“Não há nenhum incidente a registar”, disse à Lusa o subintendente  Daniel Mendes, do comando distrital de Braga da PSP. 

O protesto decorreu desde as 15:00 até perto das 18:20, tendo tido  como epicentro a Avenida Central, onde os populares interessados tiveram  direito a fazer discursos de quatro minutos. 

Em Coimbra foram mais de sete mil pessoas de diferentes idades, quadrantes  políticos e estratos sociais que desfilaram em protesto contra as políticas  da “troika” e do Governo. 

“Gatunos, gatunos!” foi a palavra de ordem mais ouvida na praça da  República, onde começou a manifestação, e em todo o percurso rumo à Baixa  da cidade. 

Às 18:00, após os manifestantes terem iniciado a marcha, pelo menos  7.000 pessoas integravam o cortejo, segundo fonte da PSP no local. 

A fonte admitiu que mais cidadãos viessem a incorporar o protesto,  o que acabou por acontecer, com mais grupos a acorrerem à avenida Sá da  Bandeira, enquanto promotores da iniciativa “Que se lixe a troika! Queremos  as nossas vidas!” se revelavam surpreendidos com a adesão. 

Reformados, professores, funcionários públicos de diferentes setores,  estudantes, desempregados, operários, sindicalistas, médicos, enfermeiros,  advogados e comerciantes marcaram presença na manifestação, tal como dirigentes  da esquerda (BE, PCP e PS) e mesmo alguns militantes e simpatizantes dos  partidos que integram a coligação do Governo (PSD e CDS). 

Foi o caso de Norberto Pires, afeto ao PSD, que há poucos meses se  demitiu da presidência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional  do Centro (CCDRC). 

O deputado do PS Mário Ruivo, o líder distrital dos socialistas, Pedro  Coimbra, o antigo vereador comunista da Câmara de Coimbra Gouveia Monteiro,  o presidente da associação Saúde em Português, Hernâni Caniço, e o professor  universitário José Reis eram outros dos manifestantes, a que se juntaram  ativistas de esquerda, incluindo do Movimento Alternativa Socialista. 

“Espanha, Grécia, Irlanda e Portugal, a nossa luta é internacional”,  gritavam alguns manifestantes, entre assobios, bombos e outros instrumentos  de percussão.

 

SIC c/Lusa

 

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