Ministro anuncia análises ao leite importado para verificar qualidade

O ministro da agricultura, Jaime Silva, anunciou hoje que estão a ser feitas análises ao leite importado para confirmar se tem qualidade.

“Temos uma autoridade de segurança alimentar [ASAE] que está a fazer esse trabalho e em breve teremos resposta para isso”, referiu, remetendo mais informações para “a conclusão das análises”. “Estamos a analisar o leite, para ver se é leite recombinado, feito a partir de leite em pó”, como acusam alguns produtores, explicou Jaime Silva. 

 

O ministro falava em Belmonte à margem da adjudicação de dois novos blocos do Regadio da Cova da Beira, depois de questionado pelos jornalistas sobre as queixas dos produtores de leite.

 

Na sexta-feira, cerca de mil produtores de leite concentraram-se na Póvoa do Varzim para pedir que o Governo proteja o leite português e que a população consuma mais leite produzido em Portugal, em vez do leite estrangeiro, que é vendido a preços mais baixos.

 

 Os produtores queixam-se ainda de ter de cumprir mais normas do que aquelas que o leite importado respeita, considerando que o produto que vem do estrangeiro tem qualidade inferior.  “As regras aplicadas em Portugal são as mesmas de outros países, como França, Alemanha e Polónia, de onde muito desse leite está a chegar.

 

Nesses países há muitas importações de manteiga e leite em pó da Nova Zelândia e Austrália. Têm excedentes e por isso baixaram drasticamente os preços”, sublinhou o ministro. “Também exigimos a Bruxelas que a autoridade da concorrência actue e verifique se não há abuso de posição dominante” ou concentração de empresas. “Estamos atentos e tomaremos medidas”, garantiu.

 

Jaime Silva anunciou ainda que vai reunir segunda-feira com representantes do comércio, das grandes superfícies e da empresa de recolha de leite Renoldy. Esta empresa de Alpiarça anunciou publicamente que a partir da segunda quinzena de Julho vai encerrar.  “Vamos verificar quem tem razão, se a empresa, que diz que não consegue vender o leite, se as grandes cadeias”, devido às diferenças de preço, explicou. “É um problema eminentemente de mercado, não de ajudas. Nós não podemos dar ajudas à comercialização”, acrescentou o ministro. 

 

 Na concentração de sexta-feira, vários agricultores relataram que as cooperativas vão deixar de recolher o leite porque as grandes superfícies estão a importar este produto de outros países da União Europeia, a preços contra os quais os produtores nacionais não conseguem competir. Segundo Jaime Silva, “mesmo que o valor pago por litro de leite em Portugal ronde os 30 a 32 cêntimos, é mais alto do que a média europeia, de 23 cêntimos”.  “Portugal tem o quarto preço [do leite] mais elevado da Europa.

 

 O que não quer dizer que os produtores não estejam em dificuldades, porque estão. Por isso há um programa para o sector leiteiro”, com aumento dos subsídios de transporte e armazenamento privado, “que esperamos que tenha resultados em toda a Europa e repercussão em Portugal”, acrescentou. “Aproveito para dizer aos portugueses que temos de consumir mais leite português. Quando olharmos para os pacotes de leite, temos de ver a etiqueta”, concluiu.

 

 

Lusa

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