“A exploração geofísica tentará encontrar novos campos hidrotermais, que já foram detectados a partir de anomalias na coluna de água mas que ainda não foram descobertos no fundo do mar”, revelou a bióloga Ana Colaço, do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, que integra a expedição.
O navio, que pertence ao Instituto Francês de Investigação para a Exploração do Mar ((IFREMER) e esteve recentemente envolvido nas buscas das caixas negras do avião da Air France que se despenhou no Atlântico, está equipado com instrumentos vocacionados para a investigação em mar profundo.
Esta missão científica, denominada ‘Bathyluck 09’, vai prolongar-se até 30 de Setembro e integra um cruzeiro de estudo à fonte hidrotermal ‘Lucky Strike’, situada a 1.700 metros de profundidade, na Dorsal Média Atlântica.
O navio francês vai deslocar para o local o robot ROV ‘Victor’ e o veículo autónomo AUV ‘AsterX’, para investigar a geologia, biologia e geofísica daquela área, estando também prevista a colocação de uma rede de instrumentos para monitorizar a actividade hidrotermal, sísmica e de deformação tectónica.
“A instalação destes instrumentos será complementada com a amostragem de fluídos, rochas, animais e micróbios associados às fontes hidrotermais”, acrescentou Ana Colaço.
A bióloga salientou que o ‘Victor’ vai colocar na coluna de água sensores de temperatura, correntómetros e sensores de pressão, além de recolher módulos de colonização para micróbios e fauna nas diferentes estruturas e chaminés hidrotermais.
Por seu lado, o ‘AsterX’ tem como missão mapear o fundo do mar, numa tentativa de revelar os processos de erupção vulcânica e de formação da crosta oceânica, assim como tentar mostrar a sua interacção com as zonas de deformação e com as falhas.
A missão, liderada pelo cientista Javier Escartin, está integrada no projecto internacional MOMAR (Monitoring of the Mid Atlantic Ridge), que pode ser acompanhado através do site www.momar.org.
Para Ana Colaço, este projecto constitui um “passo chave” para a futura instalação de um observatório do fundo do mar no campo hidrotermal ‘Lucky Strike’, que integrará a rede europeia de observatórios submarinos que serão instalados no fundo do mar e que comunicarão com terra, em tempo real, através de uma boía com ligação via satélite.
Lusa