Muito se tem dito e escrito sobre os desafios da nossa agricultura, sobre os que persistem em determinados setores, em especial no leiteiro, e sobre os do futuro, com especial destaque para a conjuntura europeia e os seus desígnios em matéria de políticas agrícolas.
Todavia, hoje debruço-me sobre os jovens agricultores e o seu papel e importância na construção de um futuro promissor, apostado em mais valorização, mais eficiência e mais sustentabilidade económica, social e ambiental.
Sendo certo que o futuro se constrói com base num presente consciente das dificuldades, mas também do potencial, devemos sempre ter a capacidade de olhar e ir mais além. E por isso mesmo, ao refletir sobre o passado e o presente, constatamos o crescimento e o aumento do número de investimentos e de candidaturas a projetos de primeira instalação. Nos últimos dois anos foram aprovadas 65 candidaturas e prevê-se que, num futuro próximo, outras 30. Estes números dizem-nos que a nova geração de açorianos vive e acredita na terra e no fruto que oferece. Deste aumento, também podemos aferir que,
sendo esta uma geração informada, consciente e altamente capacitada, facilmente conclui que vale a pena entregar e direcionar as suas competências, know-how, vontade, dinamismo e empreendedorismo para diferentes negócios no setor agroalimentar.
E aqui, o papel de quem dita e aplica instrumentos e recursos financeiros, de quem pensa e desenha diferentes estratégias, ao serviço de todos os açorianos, ou seja, o Governo Regional dos Açores, tem assumido uma postura proactiva, com verdadeiro sentido de visão, ao promover o rejuvenescimento do setor agrícola. Prova disso é o programa de apoio à formação de jovens agricultores, FORJAGRI, que pretende financiar uma formação mais especifica, voltada para a necessidade de uma gestão mais profissional, na vertente técnica e económica, elementos fundamentais ao bom desempenho e conhecimento dos ativos, dos custos, objetivos e métodos e de tudo o que diz respeito a qualquer exploração em qualquer setor.
Outra ajuda fundamental é o Programa Jovem Agricultor, que pretende reunir um conjunto de medidas, que passam pela criação de diferentes incentivos, majorações e linhas de apoio, que consubstanciem mais eficácia, mais flexibilidade e agilização na criação de negócios e empresas por parte dos jovens.
Por outro lado, não devemos nunca descurar quem também já foi jovem e dedicou toda a sua vida a este mundo, do qual merece uma saída condigna e dignificante. Nesse sentido, criou-se o apoio à cessação da atividade agrícola, que reforça as ajudas já existentes e inclui uma alteração fundamental para que mais produtores dele beneficiem, ao diminuir a idade de acesso dos 60 para os 58 anos. A estes programas somam-se as vontades e os contributos de todos os intervenientes das diferentes fileiras, que muito contribuirão para a
avaliação e redefinição destes e de outros mecanismos, que se manterão abertos a possíveis melhorias e aperfeiçoamentos que favoreçam qualquer ação ou plano ao serviço dos produtores.
Em suma, este governo está apostado e comprometido em assegurar uma transição tranquila e progressiva em direção a uma renovação geracional que conjugue a riqueza imensa de um saber-fazer tradicional com o que de melhor a inovação e a ciência têm para oferecer, em prol de um fortalecimento dos setores e do nosso capital rural. Nele, palavras como sustentabilidade, robustez, sucesso e afirmação pessoal e profissional devem ser ponto de ordem nas ideias e na vontade de qualquer jovem que se lança e entrega à
beleza da nossa terra, à doçura do nosso produto e ao suado valor que deles pode retirar.
Mónica Rocha
Deputada PS, ALRAA