O Ano Internacional de Astronomia celebra-se em alguns dos mais belos monumentos de Portugal, a 18 de Abril, com palestra e observações astronómicas nocturnas abertas ao público em geral. O Mosteiro dos Jerónimos, o Panteão Nacional, o Mosteiro de Alcobaça e o Castelo de Silves acolhem astrónomos amadores e profissionais, por ocasião do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, subordinado este ano ao tema “Património e Ciência”.
A Via Láctea é uma entre os milhares de milhões de galáxias que existem no universo, mas é única porque é a em que vivemos. “A Via Láctea e o lugar da Terra no Universo” é o título da palestra proferida por André Moitinho de Almeida que marca o arranque das celebrações astronómicas promovidas no âmbito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, às 20h30, no coro alto do Panteão Nacional, em Lisboa.
“Com o o acumular de observações ao longo de décadas e o surgimento da nova geração de grandes telescópios, instrumentos e missões espaciais, os anos recentes assistiram a uma explosão no conhecimento da nossa galáxia. Hoje sabemos que a Via Láctea é uma galáxia canibal que cresce à custa de devorar outras mais pequenas, que tem um enorme buraco negro no seu centro e que o Sol é apenas uma das mais de 400 mil milhões de estrelas que a compõem”, revela André Moitinho.
Que outros segredos esconde a Via Láctea? Qual é o nosso lugar nela? O investigador do Laboratório de Sistemas, Instrumentação e Modelação em Ciências e Tecnologias do Ambiente e do Espaço (SIM/ FCUL) irá partilhar com o público o que se sabe hoje sobre a nossa galáxia. A conferência é gratuita, mas carece de marcação prévia, uma vez que o número de lugares é limitado. Usufruindo de uma localização privilegiada, o terraço do Panteão Nacional será também palco, a partir das 21h30, de observações astronómicas, dirigidas pelo professor Mário Ramos, da Comissão Nacional para o Ano Internacional da Astronomia.
Ao mesmo tempo, frente ao Mosteiro dos Jerónimos, a Associação Portuguesa de Astrónomos Amadores (APAA) irá mostrar aos transeuntes a Lua e os planetas que compõem o nosso céu e ajudá-los a “caçar estrelas”. As observações e o registo da magnitude das estrelas visíveis permitirão medir a poluição luminosa do local, alertando o público para esse problema e explicando de que forma as luzes das nossas comunidades contribuem para a poluição luminosa.
Em Alcobaça, a empresa “Via Láctea” dinamiza o serão de astronomia, a partir do Claustro D. Manuel, no interior do mosteiro. Dois telescópios e diferentes softwares de astronomia estarão à disposição do público, para que todos possam, através da luneta ou a olho nu, identificar as constelações, estrelas e os principais objectos celestes típicos num céu de Primavera.
“No dia 18, será visível Saturno que apresenta os seus anéis praticamente de perfil, facto que só se repete daqui a 15 anos”, adianta o engenheiro físico e astrónomo Vasco Elói Duarte, que irá nessa noite monitorizar as observações. “Para além deste notável objecto celeste observar-se-ão diversos tipos de objectos celestes onde se incluem enxames abertos e globulares, estrelas duplas, galáxias e nebulosas”, acrescenta o responsável da “Via Láctea”. Uma visita guiada nocturna ao Mosteiro de Alcobaça antecede as observações astronómicas.
A Sul haverá também observações no Castelo de Silves. A partir das 22 horas, a astrónoma Bárbara Monteiro orientará os telescópios algarvios rumo às estrelas.
Respondendo ao apelo internacional do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS), o IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico) procura apresentar, no próximo sábado, uma programação especial de sensibilização do público para a relação entre a ciência e o património cultural, proporcionando uma reflexão sobre o papel da ciência (e tecnologia) no património cultural, e incentivando ainda a discussão sobre os potenciais benefícios e ameaças da ciência no futuro, no que diz respeito à salvaguarda e à conservação do património.
O Ano Internacional de Astronomia (http://www.astronomia2009.org/) é organizado em Portugal pela Sociedade Portuguesa de Astronomia, com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), da Fundação Calouste Gulbenkian, o Ciência Viva e a European Astronomical Society (EAS) e decorre durante 2009 no país todo.
Antonio José Silva
Ideias Concertadas
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