A morte de Fidel Castro motivou palavras de condolências em todo o mundo, mas também gritos de alegria, uma prova de que o líder histórico de Cuba foi uma das personalidades das mais controversas do século XX.
O líder da Revolução Cubana morreu na noite de sexta-feira aos 90 anos e o seu corpo será cremado, de acordo com a sua “expressa vontade”, anunciou o irmão Raúl Castro, num breve discurso ao país que concluiu com a expressão “Até à vitória, sempre”.
Cuba decretou nove dias de luto nacional e anunciou que o funeral vai realizar-se a 04 de dezembro.
A notícia mereceu reações de líderes políticos de todo o mundo, em particular na região da América Latina, onde o presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou sentir uma “profunda dor” pela morte de “um gigante da História da Humanidade”.
O Presidente do México, Enrique Peña Nieto, lamentou o desaparecimento de uma “referência emblemática do século XX”, enquanto o chefe de Estado do Equador qualificou hoje o histórico líder cubano como “um grande”.
O homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou que cabe agora a todos os revolucionários do mundo “seguirem o seu caminho”, que fica aberto com as mortes de Fidel e do líder venezuelano Hugo Chávez.
A chanceler da Argentina, Susana Malcorra, considerou que a morte do histórico líder cubano “encerra um capítulo importante da história latino-americana”.
O comandante das FARC-EP, Ivan Marquez, afirmou que Fidel é “o revolucionário mais admirável do século XX” e acrescentou que o recente Acordo de Paz na Colômbia é uma “homenagem” ao líder histórico da Revolução Cubana.
Mas, se para muitos a morte de Fidel é motivo de lágrimas e condolências, para outros é motivo de festa.
Em bairros de Miami, nos EUA, onde vivem milhares de exilados cubanos que fugiram ao regime comunista da ilha, ouviram-se hoje gritos de “Cuba livre” e “Liberdade” e eram visíveis bandeiras e sinais de satisfação, como buzinas, bater de tachos ou música alta.
“É triste que se encontre alegria na morte de uma pessoa, mas essa pessoa nunca deveria ter nascido”, afirmou Pablo Arencibia, 67 anos, professor que fugiu de Cuba há 20 anos.
Ramón Saúl Sánchez, líder do Movimento Democracia para Cuba (MDC), no exílio, lamentou que a morte de um “tirano” não signifique “a liberdade do povo de Cuba”.
“Gostaria de poder dizer que a morte do tirano é a liberdade do povo”, mas no caso de Cuba não é assim, “porque eles [os Castro] trataram muito bem a sucessão”.
Em Portugal, a morte de Fidel mereceu reações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que recordou o encontro que manteve há um mês com o líder cubano durante uma visita a Cuba, e disse ter enviado “sinceras condolências” ao presidente Raúl Castro e ao povo cubano.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, lamentou, em nome do Governo português, a morte do antigo presidente cubano Fidel Castro sublinhando que é uma figura que “marcou o século XX” e a “a história avaliará” o seu papel.
O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, realçou o papel de Fidel Castro na história do século XX e dirigiu os seus sentimentos aos cubanos que lamentam a morte do líder político cubano.
O secretário-geral do PCP transmitiu “solidariedade” e condolências aos comunistas, povo de Cuba e familiares do falecido “camarada”, acrescentando que a melhor homenagem “é prosseguir a luta” pela “liberdade”, “paz” e “socialismo”.
Da Rússia, que foi o maior patrocinador da revolução Cubana, sobretudo antes do colapso da União Soviética, vieram declarações do antigo líder soviético Mikhail Gorbachev, que saudou o ícone socialista cubano “fortaleceu o seu país durante o mais severo bloqueio norte-americano, quando houve uma pressão colossal sobre si e ainda assim levou o seu país para fora deste bloqueio, num caminho de desenvolvimento independente”.
Também o presidente russo, Vladimir Putin, reagiu à morte de Fidel, que considerou um “elemento influente da comunidade internacional” que serviu de “exemplo inspirador para muitos povos e países”.
Na China, cujas relações com Cuba se intensificaram na sequência do colapso da União Europeia, o chefe de Estado, Xi Jinping, declarou que Fidel Castro “viverá eternamente”.
“O povo chinês perdeu um camarada bom e sincero”, declarou Xi na mensagem, lida na abertura do jornal da noite no principal canal de televisão nacional.
Já o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, enviou as suas “mais profundas condolências” a Cuba e disse que “a Índia chora a perda de um grande amigo”.
Na Europa, o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, afirmou que a “União Europeia está com o povo cubano olhando para o futuro”.
Em Espanha, o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, referiu-se ao líder histórico de Cuban como “uma figura de importância histórica”.
Em nome do partido de esquerda Podemos, Irene Montero enviou “um abraço fraterno ao povo cubano”, enquanto o o partido Esquerda Unida (IU) recebeu “com profunda tristeza” a morte de Fidel Castro, de quem destacou o “compromisso e a luta inabalável pela soberania e o bem-estar social do povo cubano”.
O primeiro-ministro belga, Charles Michel, e o holandês, Mark Rutte, assinalaram hoje a importância da figura do líder cubano Fidel Castro na história do século XX, mas não deixaram de referir o défice de direitos humanos enquanto esteve no poder.
O presidente francês, François Hollande, defendeu que o embargo que penaliza Cuba deve ser levantado definitivamente.
Lusa