Mota Amaral alerta para “alastramento de verdadeira catástrofe” no país face à “crescente indignação”

O deputado do PSD, Mota Amaral, alertou hoje para o “alastramento de uma verdadeira catástrofe” em Portugal, face  à “crescente indignação” dos cidadãos, que “não vêm nem finalidade, nem  fim para os cortes de benefícios”. 

“A situação geral do país em vez de melhorar, como o Governo promete  e todos desejaríamos, tem vindo a degradar-se e basta ter os olhos abertos  para comprovar o alastramento de uma verdadeira catástrofe”, afirmou Mota  Amaral, num artigo de opinião intitulado “Orçamento de Estado (OE) 2013  – a prova de fogo”, publicado hoje no jornal Correio dos Açores. 

O antigo presidente da Assembleia da República considerou que o “enorme  aumento de impostos” determinado para 2013 vai “reduzir contribuintes à  insolvência, fazer falir muitas empresas e aumentar o desemprego”, acrescentando  que a entrada em aplicação das leis que facilitam o despedimento e despejos  “só pode piorar a fratura social”. 

“Parece-me ter sido um erro a voluntariosa opção por ir além da Troika,  quando a mais elementar prudência – que, como ensinam os clássicos, é a  principal virtude requerida aos governantes – aconselhava a ater-se ao  conteúdo programático do memorando de entendimento, alegrando assim a base  parlamentar e social de apoio ao cumprimento do mesmo”, escreveu Mota Amaral.

O deputado social democrata açoriano referiu que alertou “em tempo e  no lugar devido” para o “custo reputacional” que o Executivo sofreria ao  adotar uma medida expressamente negada durante a campanha eleitoral, nomeadamente  redução a metade do subsídio de Natal dos funcionários públicos e pensionistas  em 2011, agravada com a retirada total dos mesmo e do subsídio de férias  em 2012. 

“Julgo que foi mal avaliado o risco de descredibilização do Governo  com situações dessas e outras e o impacto da mesma na necessária mobilização  da sociedade portuguesa para as reformas necessárias, ditadas pela nossa  participação no euro e pela nossa inserção na economia global”, referiu  Mota Amaral, acrescentando que “a persistente apresentação de previsões  erradas e constantes anúncios de recuos de novos gravames arrastam no mesmo  sentido”. 

O açoriano Mota Amaral considerou que o Governo PSD/PP tem vindo, por  tudo isso, a ficar “isolado”, sem prejuízo do apoio parlamentar assegurado  pelos partidos da coligação, admitindo que “não tinha porque ser assim!”.

Recordando que o memorando de entendimento com a Troika foi negociado  pelo anterior Governo socialista, sendo o défice das contas públicas superior  ao então admitido, o ajustamento orçamental exigido era já de todo impossível  no curto prazo estabelecido. 

Mota Amaral termina o seu artigo de opinião com um alerta: “repetir  para 2014, certamente em tom maior, o que já não deu resultado em 2012 e  agora é objeto de insistência, afigura-se politicamente impossível”. 

 

Lusa

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