Em declarações à agência Lusa, os presidentes da Associação dos Municípios da Região Autónoma dos Açores (AMRAA), João Ponte, e da Associação Nacional de Municípios de Cabo Verde (ANMCV), Manuel Pina, indicaram que os dois arquipélagos, juntamente com o da Madeira, poderiam beneficiar com as ligações diretas, quer nas trocas comerciais, quer no turismo.
“As ligações aéreas e marítimas são fundamentais para trazer preços mais competitivos. Falar hoje em turismo e desenvolvimento económico sem haver ligações competitivas não faz qualquer sentido e temos essa experiência nos Açores, onde é muito caro viajar para o continente”, disse João Ponte, também presidente da Câmara de Lagoa.
No mesmo sentido, Manuel Pina, também presidente da Câmara da Ribeira Grande de Santiago (“Cidade Velha”), defendeu que, numa primeira fase, poderia apostar-se nas ligações marítimas, a exemplo das Canárias, onde o turismo, associado à troca de mercadorias tem permitido impulsionar os dois mercados.
João Ponte e Manuel Pina falavam à Lusa no final dos dois dias de um seminário realizado na Cidade da Praia englobado no projeto Vecindad, ligado à cooperação transnacional com os municípios do espaço atlântico euro-africano – Açores, Cabo Verde, Canárias, Madeira, Mauritânia, Senegal, Guadalupe e Martinica.
Subordinado ao tema “Melhoria Evolutiva da Administração Eletrónica”, o seminário permitiu aos responsáveis das respetivas áreas de municípios trocar experiências em áreas também como a eficiência energética, energias renováveis e ordenamento do território, ambiente e resíduos sólidos.
“Transmitimos experiências na área do ambiente, das energias renováveis e da gestão eletrónica, que têm um objetivo comum que é melhorar os serviços ao cidadão, maior eficientes, redução de custos e mais transparentes na administração”, disse João Ponte, lamentando os constrangimentos financeiros.
Açores, Madeira, Canárias (Espanha) e Cabo Verde são os arquipélagos atlânticos que integram a zona da Macaronésia, embora o cabo-verdiano não tenha ainda acesso aos fundos da União Europeia (UE), no quadro das Regiões Ultraperiféricas (RUP).
Outros constrangimentos, assumidos agora por Manuel Pina, passam sobretudo pela incapacidade de ultrapassar as dificuldades económicas, salientando que tal poderá ser ultrapassado com uma melhor gestão, por exemplo, do consumo de energia e na recolha e tratamento de resíduos sólidos, em que o exemplo dos Açores servirá de referência.
A CMU, criada em 2004, visa defender os interesses dos municípios, aproximá-los da UE e promover o intercâmbio de experiências, boas práticas e cooperação intermunicipal.
Lusa