O Museu do Vinho, na vila da Madalena, foi visitado o ano passado por 7.189 pessoas, de entre as quais muitos turistas, sobretudo porque a paisagem da Vinha do Pico está classificada como património da Unesco.
“O Museu do Vinho, na vila da Madalena, na ilha do Pico, assume-se como um espaço privilegiado de explicação da história secular do afamado Vinho do Pico, o ‘Verdelho’ da ilha do Pico”, diz-nos Laura Serpa, técnica superior daquela instituição cultural.
Com a reutilização e valorização cultural da antiga Casa Conventual dos Carmelitas, actual Museu do Vinho, pretendeu-se – segundo a nossa interlocutora – preservar o património cultural e ambiental da antiga propriedade, (os edifícios, a vinha e os dragoeiros) e as memórias associadas à cultura da vinha e à produção do vinho na ilha do Pico. “O projecto museológico assentou, preponderantemente, numa musealização in situ”, pormenoriza.
A colecção do Museu é essencialmente etnográfica, representativa dos vários momentos do ciclo de produção da vinha e do vinho.
Assim, a valência compreende as seguintes estruturas edificadas: a Casa Conventual dos Carmelitas (outrora a funcionar como habitação e adega, respectivamente no 1º andar e no rés-do-chão); estrutura agora utilizada como espaço expositivo e de reservas.
O armazém, estrutura que alberga os alambiques (destilaria) e um espaço adaptado e destinado à recepção/acolhimento do público, com um lagar de duas bicas, em pedra, recentemente instalado.
Além destes dois edifícios, que foram restaurados e se posicionam paralelamente, foi construída, de raiz, uma nova estrutura para albergar um lagar de três bicas, também em pedra, cujo acesso é feito exclusivamente pela mata de dragoeiros. O espaço dispõe ainda de um miradouro, em estrutura de madeira pintada, com vista sobre os “currais” da vinha anexa.
“A localização geográfica privilegiada do Museu do Vinho – explica-nos Laura Serpa – associada à paisagem natural – a vinha, os dragoeiros centenários, o mar e a Montanha – e a presença de uma arquitectura secular de pedra vulcânica em harmonia com uma nova linguagem arquitectónica tão própria da América da emigração açoriana, têm vindo a transformar este local num pólo importante do desenvolvimento turístico-cultural da ilha do Pico”.
A vinha do museu é visitada naturalmente, como qualquer espaço do museu.
Os turistas interessam-se sobremaneira pelo Museu, pois “o tema “vinho e vinha” é atractivo, por ser histórico e, sobretudo, agora pelo facto do Pico possuir uma paisagem património da Unesco.
Como tudo começou
O processo de aquisição dos espaços para a instalação do Museu do Vinho ocorreu no ano de 1982, por iniciativa da Câmara Municipal da Madalena. A área compreendia, a Casa Conventual da Ordem Religiosa dos Carmelitas, situada na Madalena, que lhes servia de habitação e adega, um armazém com dois lagares e três alambiques e uma vinha anexa com um hectare de área.
O decreto regulamentar regional nº 40/91, de 25 de Novembro, que reformula a orgânica dos museus dependentes do Governo Regional dos Açores, refere já o Museu do Vinho como uma extensão do Museu do Pico. As obras foram autorizadas por despacho de sete de Agosto de 1997, dando-se por concluída a primeira fase de intervenções – projecto de adaptação, restauro e reabilitação dos edifícios existentes e construção do miradouro e edifício do lagar, da responsabilidade do arquitecto Paulo Gouveia – em 1999.
A obra foi inaugurada a 18 de Julho desse ano.
in Expresso das Nove