Na escola Luísa Constantina, em Rabo de Peixe, São Miguel, nos Açores, ninguém fica indiferente à passagem da carrinha do Museu Carlos Machado, uma viatura de onde “saltam” peças de arte em tamanho “gigante”.
“Nunca fui ao museu”, garantiu Bianca, de 10 anos, com os olhos fixos no teto da viatura adaptada para ser um museu móvel, um projeto criado em 2008 com o propósito de abrir a instituição ao exterior e consciencializar a comunidade para a importância do património local.
Tal como a colega de turma, Sabrina aguarda, com expetativa, na fila, a sua vez para entrar na carrinha, mas já vislumbra uma fotografia: “Olha, é Carlos Machado, o senhor que deu o nome ao museu”, afirma a aluna do quarto ano, assegurando que também nunca visitou o museu em Ponta Delgada.
Ao lado, Luana, 10 anos, já visitou o espaço, mas garante que a carrinha é “muito gira e diferente”.
“Foi uma surpresa. Gostei muito”, confessa à Lusa, enquanto o colega Carlos, que nunca foi ao museu, gostou mais dos brinquedos “antigos” que viu na vitrine da carrinha.
Diogo, de nove anos, aprendeu que antigamente existiam “outros brinquedos diferentes”, enquanto Filipe, 10 anos, garante que as antiguidades são “as coisas que mais prefere” e nunca tinha visto a carrinha museu, “apenas uma foto”.
Cá fora, mais um grupo de alunos espera ansiosamente pela “subida a bordo”.
“Hoje vou ao museu”, afirma um aluno com os olhos fixos no teto, enquanto o colega questiona: “Já viste? Do teto saem quadros, estátuas”.
Depressa, e ao redor do museu móvel, a configuração da viatura também atrai a atenção dos residentes na zona, que comentam a chegada da carrinha.
Uma réplica de uma forma de calçado do século XX, uma escultura dos Romeiros, em bronze, de Álvaro Raposo de França, um guardanapo de linho e algodão, um quadro com agulhas de pesca, uma boneca de pano e uma bola de farelo são algumas das peças transportadas no Museu Móvel que duas vezes por semana se faz à estrada de São Miguel. Uma viatura que está ainda equipada com dois computadores e um plasma.
A carrinha do Museu Carlos Machado percorre anualmente milhares de quilómetros em São Miguel, transportando peças da instituição que divulga nas freguesias da ilha, num projeto “inédito a nível nacional” para levar a cultura até às pessoas.
Lusa